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Maluf é beneficiário de aplicações em Jersey, diz promotor

Por Agencia Estado
Atualização:

Os promotores de Justiça que investigam a suposta existência de ativos financeiros do ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), e de familiares dele no paraíso fiscal da ilha de Jersey disseram hoje que o ex-prefeito "não está mentindo" quando afirma que não é titular de conta naquele paraíso fiscal do Canal da Mancha. "Isso nós já sabemos; na verdade o Maluf é beneficiário de aplicações", declarou o promotor Silvio Antonio Marques. "Maluf pode negar que tenha contas, mas não nega que seja beneficiário de fundos", disse o promotor Marcelo Mendroni. "Todo investigado tem o direito de mentir." O ex-prefeito ainda não decidiu se vai recorrer da decisão do juiz-corregedor Maurício Lemos Porto Alves, que decretou a quebra de seu sigilo bancário e telefônico. A medida foi tomada com base em documento enviado pelo advogado da Coroa Britânica, em resposta a um fax do promotor Silvio Marques. O documento faz referência ao procedimento número 400 46/01 que a Procuradoria-Geral de Jersey abriu para investigar denúncia de lavagem de dinheiro. Marques e os promotores Nilo Spínola Salgado Filho e Sérgio Turra Sobrane pediram a quebra do sigilo de Maluf. O juiz-corregedor autorizou rastreamento de 12 linhas telefônicas do ex-prefeito e de seus quatro filhos. Marques já fez contato com quatro companhias telefônicas (BCP, Embratel, Intelig e Telesp Celular). O promotor está convencido de que Maluf é beneficiário de um trust - tipo de investimento em empresas no qual o nome do favorecido não aparece. Na tarde desta terça-feira, durante uma hora e meia, Maluf reuniu-se em casa com quatro advogados que o defendem nas áreas criminal e civil. Sua principal preocupação é com relação à "repercussão política" do caso Jersey. Ele fez uma avaliação de seu depoimento à CPI da Dívida Pública, no qual afirmou que "não é proprietário ou titular de nenhum valor em nenhuma conta em nenhum banco daquela ilha ou em qualquer paraíso fiscal do planeta". A CPI decidiu encaminhar representação ao Ministério Público Estadual para processar Maluf por falso testemunho. A iniciativa foi do vereador João Antonio (PT). Para a presidente da comissão vereadora Ana Martins (PC do B), "Maluf está mentindo". Ela acredita ter "encurralado" Maluf. Na sexta-feira, os vereadores foram orientados por promotores sobre a "melhor forma de pegar Maluf em contradição". Aparentemente, o ex-prefeito não demonstra muita preocupação com a quebra do sigilo telefônico. Sobre o desbloqueio de dados bancários, ele prefere estudar melhor com seus advogados qual a medida adequada. Se recorrer, Maluf estará caindo em uma contradição, segundo avaliação dos promotores. "Afinal, se ele não tem nada lá fora não pode temer o rastreamento", observou um dos promotores. "Maluf não é beneficiário de nada", rebateu um de seus advogados. O promotor Marcelo Mendroni disse que o fato de Maluf negar a existência de contas "não quer dizer nada". "Quem informa que Maluf tem dinheiro em Jersey não somos nós, mas as autoridades de Jersey." Sobre o montante que Maluf teria depositado na ilha Mendroni observou: "Sobre valores não posso dizer nada."

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