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Malan ataca adversários de FHC

Por Agencia Estado
Atualização:

Demagogos, caudilhos, populistas, messiânicos, sebastianistas, voluntaristas, palanqueiros, charlatões, azucrinadores. Ao longo de dois inflamados discursos no Rio, nesta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, não só defendeu o abortamento da comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar corrupção pelo governo, como também investiu contra os principais adversários políticos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Malan não associou, diretamente, aquela rica lista de adjetivos ao PT, mas a mistura deles a inúmeras referências ao "maior partido de oposição" no discurso dele foi suficiente para que o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Antonio Felício, que também é membro do PT comentasse que ficou "se desviando dos tiros", durante o discurso do ministro da Fazenda. Os dois estavam na mesa da sessão de abertura do 13º Fórum Nacional, ciclo de debates promovido, anualmente, pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), e que tem como principal organizador o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso. De manhã, durante a posse da nova diretoria do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), também no Rio, Malan acionou novamente a metralhadora giratória, num discurso muito parecido com o pronunciado no fórum. Em pelo menos um momento do discurso no fórum, Malan atacou diretamente o PT. Recomendando à platéia que acessasse a página do partido na internet, o ministro referiu-se a um documento - oficial, segundo ele, e tornado público em dezembro - em que o PT punha como objetivo, na versão de Malan, "inviabilizar o governo" de Fernando Henrique. Ele disse também que o PT tem de se decidir se quer apenas marcar presença como força oposicionista nas próximas eleições, caso em que ele considera até compreensível um discurso populista, ou se quer, efetivamente, se apresentar à população como opção viável e responsável de governo. Neste segundo caso, observou o ministro, a legenda deveria preocupar-se com as condições em que chegaria ao governo, evitando estratégias que sejam prejudiciais não só à atual administração, mas também à estabilidade do País. Malan voltou a criticar o plebiscito sobre o pagamento das dívidas interna e externa, realizado por diversos grupos de oposição, até mesmo o PT. O ministro deu a entender que um dos objetivos das forças políticas que lutaram pela CPI seria o de paralisar a agenda legislativa, o que "o momento não permite". "O governo não deixará de governar até o final do ano que vem", disse o ministro. Ele reiterou, algumas vezes, que "o governo não tem medo das investigações" e que os cerca de 20 temas que seriam objeto da CPI estão sendo investigados em diversos canais diferentes, como o Ministério Público (MP), Polícia Federal (PF) e Banco Central (BC), entre outros. Segundo Malan, a extensão da pauta de assuntos da CPI é uma prova de que ela paralisaria o processo legislativo. O ministro citou também diversas iniciativas do governo contra a corrupção, com ênfase especial no Ministério da Saúde, ocupado pelo ministro José Serra. Ele lembrou, entre outros fatos, que a Central de Medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), foi fechada em função de casos de corrupção. Malan mencionou iniciativas anticorrupção no Ministério da Educação, no caso dos precatórios e ainda o fechamento das Superintendências de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene), onde o sistema de incentivos, segundo ele, abria brechas para "comissões de até 40%". Malan também defendeu o desempenho social do governo, dizendo que nenhuma outra administração na história do País destinou uma porcentagem tão grande (60%).

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