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´Malan 2002´ desagradou aos partidários de Serra

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os líderes da aliança governista não levaram muito a sério a opção Pedro Malan para 2002, levantada pelo próprio presidente Fernando Henrique. Mas alguns cardeais do PSDB ligados ao ministro da Saúde, José Serra (PSDB), acusaram o golpe. Na avaliação destes tucanos, não é à toa que o presidente trabalha o nome de seu ministro da Fazenda como opção, no momento em que as pesquisas de opinião apontam a candidatura Serra em ascendência, com 10 pontos porcentuais na preferência do eleitorado. ?Ele faz isto para impedir que a candidatura Serra se consolide?, resume um dirigente do PSDB. O tucano não está só nesse raciocínio. Na esperança de que seu partido possa acabar indicando o cabeça-de-chapa na corrida presidencial de 2002, o presidente do Senado, Jader Barbalho (PA), aplaudiu o movimento. ?O presidente Fernando Henrique está jogando muito bem: quanto mais candidatos houver, melhor, porque aí não há candidato nenhum?, resumiu Jader. Mas ele não desmerece o ministro da Fazenda. Ao contrário, diz que Malan é um grande quadro administrativo e político e que seu PMDB está aberto para receber a filiação de pessoas que tenham inclusive representação dentro do governo. ?Para nós, do PT, o Malan seria até bom?, desdenhou o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. ?Mas acho que ele não vai encontrar um partido para se filiar, porque terá que explicar o inexplicável?, provocou. Segundo ele, o inexplicável é ?o desastre? de um modelo de desenvolvimento econômico. Por isso mesmo, Lula aposta que nem o PSDB teria coragem de bancar a candidatura Malan. ?Mas eu não escolho adversário?, sentenciou. O porta-voz da Presidência, George Lamazière, disse nesta quinta-feira à noite que o presidente acredita que ?será ótimo? se o PSDB vier a convidar Malan a ingressar no partido e ele aceitar. ?Mas nunca vi Malan demonstrar disposição para a vida partidária?, disse o porta-voz em nome do chefe. ?Não sei se ele tem interesse, mas é um ótimo administrador?, comentou o ministro do Orçamento, Planejamento e Gestão, Martus Tavares. ?Se depender de convite, já está feito?, sentenciou o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga (PSDB), ao ressaltar, contudo, que este assunto não deve ser ?subestimado nem superestimado?. Segundo o ministro, falar em Malan agora não embola o jogo sucessório dentro do partido. ?O PSDB tem consciência de que só vamos falar em candidatura em 2002?. Não é o que avalia um importante dirigente do PSDB ligado a Serra, para quem o objetivo do lançamento do nome de Malan agora é exatamente o de embolar o jogo interno. Ele explica que a articulação em torno de Malan vem justamente quando as pesquisas mostram que não é só entre os tucanos que o ministro da Saúde é bem visto para disputar a corrida presidencial. Os últimos levantamentos mostram que Serra é apontado como o melhor candidato do PSDB por praticamente a metade dos pefelistas, peemedebistas e pepebistas consultados. O tucano lembra que há mais de um mês Fernando Henrique encarregou alguns articuladores, entre os quais o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), de fazer sondagens sobre a filiação de Malan ao PSDB como uma opção ao governo do Rio de Janeiro. ?Uma forma de abrir as portas do partido para ele, sem criar arestas?, interpreta o político. Por este raciocínio, a pregação da renúncia dos ministros políticos em dezembro, encampada por Pimenta, não passa de um discurso para empurrar para o fim do ano uma decisão que não convém ao presidente tomar agora. ?Não acredito nisto, porque não tem lógica mexer tão cedo na política econômica, se a eleição só será realizada dez meses depois?, avalia um interlocutor presidencial, certo de que Malan não deverá deixar o ministério em dezembro.

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