Mais um juiz na rota de Leo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Mais um juiz é suspeito de ter ligações com o fazendeiro Leonardo Dias Mendonça, o Léo, de 39 anos, apontado como maior distribuidor de cocaína da América Latina, preso no dia 10 de dezembro de 2002. O novo acusado é o juiz Licurgo de Freitas Peixoto, que está afastado da Comarca de Redenção (Pará), desde 2001 acusado de corrupção. No último domingo, o jornal O Liberal, de Belém, publicou a cópia autenticada de uma nota promissória, datada de 28 de outubro de 2002, assinada pelo juiz, referente a uma dívida com o advogado Mário Pinto da Silva. No verso do documento, Peixoto pede a Léo que ?acerte? o débito. Desde o dia 3 de dezembro, o Supremo Tribunal Federal investiga a eventual participação de dois juízes federais, dois desembargadores ? Eustáquio Silveira e Tourinho Neto e o ministro Vicente Leal ? num esquema de venda de sentenças, supostamente coordenada pelo deputado federal Pinheiro Landim (sem partido-CE). Licurgo está afastado de suas funções desde o início de 2001 por conta de indícios de corrupção no período em que esteve lotado nas comarcas de São Félix do Xingu, em 1999, e Redenção, em 2000. O caso está sendo apurado em processo administrativo-disciplinar, presidido pela Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, que pode levar o juiz à perda definitiva do cargo. Desaparecimento de um processo A O Liberal, Pinto da Silva disse que os R$ 20 mil cobrados do magistrado eram referentes ao desaparecimento de um processo de ação de execução movida pelo próprio advogado contra um ex-cliente, o grileiro de terras José Marinho Gomes de Figueiredo, em razão de honorário advocatícios não-pagos. O sumiço dos autos teria feito Silva ingressar com uma representação contra o juiz na Corregedoria da Justiça do Pará. Para acertar a situação, Licurgo teria se comprometido a pagar os honorários. O magistrado decidira assinar a promissória por não ter dinheiro vivo para entregar ao advogado. Segundo Silva, antes de a promissória ser preenchida, no dia 28 de outubro, o juiz o levou até Leonardo Mendonça, que se encarregou de pagar a conta. No verso do documento, foram anotados os números de sua agência bancária e conta corrente para que o dinheiro fosse depositado. No verso da nota há o seguinte recado: "Léo, por aqui em Redenção tudo certo, pode por favor acertar esta nota com o dr. Mário (Pinto Silva). Um grande abraço, dr. Licurgo Peixoto.? Mas o pagamento não foi efetuado e Pinto Silva voltou a procurar Léo em São Félix do Xingu. Na ocasião, o fazendeiro lhe informou que Licurgo havia mandado suspender o pagamento da dívida e devolveu a promissória. Ontem, a assessoria do Tribunal de Justiça disse que não podia informar se a denúncia da eventual ligação de Licurgo com Léo está sendo investigada pela Corregedoria do Tribunal de Justiça. Segundo o órgão, o processo administrativo contra o magistrado já foi concluído e deve ser julgado por órgão especial até o fim do mês. A pena mais pesada que pode ser aplicada ao magistrado, segundo o TJ, é a aposentadoria compulsória. Mas ele também pode perder o cargo, se o Ministério Público mover ação específica para isso. O juiz foi procurado em sua casa em Redenção, mas não foi localizado. Segundo sua mulher, Tatiane, ele estava fora e retornaria a ligação ao chegar. Isso não ocorreu até o fechamento desta edição. O tráfico e suas conexões

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