PUBLICIDADE

Maioria dos senadores é a favor de acareação

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Conselho de Ética do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), disse que vai deferir o pedido de acareação, se ele for feito hoje por algum dos membros da comissão. "Vários senadores propuseram hoje a acareação e eu acho que amanhã alguém vai oficializar e eu vou deferir." Ainda na noite desta quinta-feira, não havia clareza se a acareação seria apenas entre ACM e o senador José Roberto Arruda ou se envolveria também a ex-diretora do Prodasen, Regina Célia Borges. O senador baiano afirmou, durante seu depoimento, estar de acordo com o confronto de versões. A justificativa, de acordo com Tebet, é a falta de uniformidade dos depoimentos e discursos feitos até agora. "Todos os que depuseram apresentaram versões diferentes." O presidente do conselho não considerou perigosa a exposição dos três numa acareação. "Confio no grau de civilidade." Desde o fim da tarde de hoje, os senadores que deixavam a sala onde o depoimento estava sendo tomado sinalizavam com a necessidade da acareação para acabar com as dúvidas deixadas pelo depoimento de ACM. Muitos, entretanto, já defendiam a abertura do processo de cassação, por quebra de decoro parlamentar. Nos bastidores, as conversas apontavam também para o início do processo que poderá fazer com que ACM e Arruda percam seus mandatos. O senador Jefferson Péres (PDT -AM) foi dos mais contundentes. "Ele não convenceu que não sabia, que não houve cumplicidade. Só uma acareação com o senador Arruda vai esclarecer quem está com a verdade." Apesar de acreditar que esse passo é necessário, Peres já defendia na tarde desta quinta-feira o início do processo de cassação. "É um processo legal, no qual eles vão ter o direito de defesa." O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) explicou que o regimento do Senado prevê processo nos casos em que houve ferimentos dos "princípios da verdade. "Parece que ele fez isso." O parlamentar disse ainda que via alguma semelhança entre ACM e o senador cassado Luiz Estevão, no que se refere a mentiras. Outro peemedebista, o senador Ney Suassuna (PMDB -PA) deixou a sala onde ocorreu o depoimento dizendo que não ficou convencido e que a acareação é o único caminho. "O depoimento tem muitas incoerências ainda. Isso só pode ser tirado numa acareação porque está tudo cheio de vazios." O senador acha que essas acareações têm de ser feitas tanto com o ex-líder do governo quanto com a ex-diretora do prodasen, Regina Célia Borges. Suassuna engrossou o coro dos que já falam em abertura do processo de cassação. "Ele perdeu a confiança dos senadores." O suplente Antero Paes de Barros (PSDB-MT) também foi claro: houve quebra de decoro parlamentar. A avaliação do parlamentar é a de que o depoimento de ACM foi "inteiramente inconsistente". A situação dele já era difícil antes do depoimento. O que nós vimos aqui foi uma meia confissão." Barros também está entre os que querem a acareação. Defendendo também a acareação, Eduardo Suplicy (PT-SP) achou que houve uma falha nos questionamentos dos senadores, que não insistiram em descobrir "a origem do elo" que fez o senador Arruda ir ao gabinete de ACM mostrar a lista da cassação do ex-senador Luiz Estêvão. "Tem-se que descobrir em que medida terá Arruda obedecido a ordens de ACM", disse. "Uma ajuda considerável será quando for divulgada a quebra de sigilo das ligações telefônicas dos senadores, mostrando ou não ligação para a sala de Regina". Pelo menos três senadores ouvidos pelo Estado afirmaram, extra oficialmente, que ACM não convenceu no depoimento. Esses parlamentares acreditam que o caminho está aberto para que se inicie a cassação. Houve, entretanto, quem defendesse o ex-presidente do Congresso e acreditasse piamente em suas explicações. Entre eles dois dos integrantes da "tropa de choque" de ACM no Senado: o ex-ministro da Previdência, Waldeck Ornélas (PFL-BA), que fazia parte da cota do PFL no governo e o senador Paulo Souto (PFL-BA). Para este último, ACM foi convincente. "Até agora, não vejo nenhum motivo para cassação." O parlamentar defendeu a decisão de ACM de não divulgar a lista, para "preservar" o Senado. "Eu considero que foi uma decisão acertada."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.