Maia enfrenta dificuldades para costurar palanques

Presidente da Câmara enfrenta obstáculos para lançar palanques estaduais e subir nas pesquisas; DEM estabeleceu que Maia deve atingir mínimo de 4% nas pesquisas até junho para manter candidatura

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Por Igor Gadelha e Julia Lindner
Atualização:

BRASÍLIA - Pré-candidato à Presidência pelo DEM, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), enfrenta dificuldades para montar palanques fortes nos quatro maiores colégios eleitorais: São Paulo, Minas, Rio e Bahia.

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Maia tem se deparado com problemas para viabilizar candidatos a governador nesses Estados, que detêm 48,83% do eleitorado brasileiro, seja por resistência dos próprios possíveis postulantes, seja em razão do lançamento de candidaturas de outros partidos que acabaram ofuscando nomes do DEM.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foto: Andre Dusek|Estadão

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Essa dificuldade na montagem dos palanques estaduais, somada ao fraco desempenho do parlamentar fluminense nas pesquisas, levou integrantes da cúpula do DEM a estabelecerem em 4% o porcentual mínimo que Maia terá de atingir até junho nas pesquisas de intenção de voto para que o partido banque a candidatura dele ao Planalto. Hoje, o parlamentar fluminense registra 1% nas pesquisas, no melhor dos cenários.

‘Ajustes’. Secretário-geral do DEM, o deputado Pauderney Avelino (AM) admite as dificuldades de Maia. “Problema todo mundo tem, a eleição ainda não começou. Estamos no começo de ajustes e de montagem de palanques. É natural que isso aconteça. O importante agora é fazer palanque”, disse ele ao Estadão/Broadcast.

Pauderney ressaltou, contudo, que o cenário pode mudar, uma vez que o registro das candidaturas só é feito em agosto. “Até lá temos que trabalhar”, afirmou. Coordenador da pré-campanha de Maia, o deputado Rodrigo Garcia (DEM-SP) também minimizou as dificuldades e afirmou que o presidente da Câmara conseguirá viabilizar palanques nesses Estados.

Maia enfrenta dificuldade para ter um candidato forte a governador até mesmo no Rio, seu reduto político e segundo maior colégio eleitoral do Brasil. Principal nome do partido no Estado, o vereador carioca César Maia (DEM), pai do presidenciável, já avisou que não deseja ser candidato nas próximas eleições, nem a governador nem a senador. César também já chegou a dizer publicamente que é contra a candidatura do filho à Presidência.

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A resistência do pai levou o presidente da Câmara a procurar o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (MDB) para tentar convencê-lo a ser candidato ao governo fluminense. Aliado de Maia há décadas, Paes só confirmou nesta quinta-feira a filiação ao DEM. Até então, ele estava com filiação praticamente fechada com o PP, partido que sinaliza apoio à candidatura do presidente da Câmara ao Planalto.

Para ser candidato, porém, Paes terá de conseguir liminar na Justiça porque está inelegível por oito anos, após ser condenado em dezembro pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio por abuso de poder político-econômico e conduta vedada a agenda pública nas eleições de 2016 - quando tentou, sem sucesso, eleger o deputado Pedro Paulo (MDB-RJ) como seu sucessor na prefeitura do Rio.

Bahia. O presidente da Câmara também enfrenta dificuldade para viabilizar um palanque forte na Bahia, quarto colégio eleitoral do País e o maior do Nordeste. O prefeito de Salvador e presidente nacional do partido, ACM Neto, disse a aliados que, hoje, as chances de permanecer no cargo são maiores do que a de renunciar para disputar o governo da Bahia contra Rui Costa (PT), que vai tentar a reeleição.

ACM Neto já informou a aliados que tem receio de sair candidato sem o apoio de partidos como PP e PR, que hoje integram a base de Costa. O prefeito também gostaria de ter o apoio do MDB, mas teme contaminar sua campanha com o desgaste dos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima, que está preso após a Polícia Federal encontrar um bunker com R$ 51 milhões atribuídos ao emedebista.

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Maia também tem dificuldades para viabilizar um nome a governador em Minas, Estado com segundo maior número de eleitores do País. O DEM lançou a pré-candidatura do deputado Rodrigo Pacheco (MG) ao governo mineiro, que perde força com a confirmação da candidatura do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). Uma ala do DEM defende a desistência da candidatura de Pacheco para a sigla se aliar a Anastasia.

O presidente da Câmara ainda não deve ter candidato a governador em São Paulo, maior colégio eleitoral do País. Rodrigo Garcia desistiu de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes e passou a negociar vaga de candidato a vice-governador ou ao Senado nas chapas do prefeito João Dória e do vice-governador Márcio França, pré-candidatos do PSDB e PSB, respectivamente.

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