Maia diz que saída do MDB e do DEM do Centrão não tem relação com eleição na Câmara

Para o presidente da Casa, a divisão do grupo é 'natural e segue um padrão estabelecido pela prática congressual'

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA - Após a saída do MDB e do DEM do chamado Centrão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, nesta terça-feira, 28, que a divisão do grupo é "natural e segue um padrão estabelecido pela prática congressual". "Nada tem a ver com a eleição para a Mesa Diretora em 2021, para a qual tradicionalmente são formados novos blocos", afirmou Maia em nota.

No texto, o presidente da Câmara buscou afastar a ideia de que o desembarque do DEM e do MDB, antecipado pelo Estadão/Broadcast, esteja ligado a "divergências internas entre as siglas" ou com o seu processo de sucessão, previsto para o próximo ano. O deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), que comanda o blocão, é pré-candidato à presidência da Câmara e conta com a simpatia do presidente Jair Bolsonaro para assumir o posto.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) Foto: Helvio Romero/Estadão

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"A respeito das afirmações de que a saída do MDB e do DEM do bloco partidário liderado pelo deputado Arthur Lira teria relação com divergências internas entre as siglas ou, ainda, com as eleições para a Mesa Diretora do próximo biênio, julgo importante esclarecer que a formação e desfazimento dos blocos no início de cada sessão legislativa é prática reiterada na Câmara dos Deputados", disse Maia.

Líder dos dois partidos, no entanto, admitem que o afastamento tem como uma das motivações o alinhamento de Lira com o Palácio do Planalto. O alinhamento com Bolsonaro, dando as cartas sobre indicações para cargos no Executivo, acirrou a divisão e reforçou a decisão do desembarque. “Nós temos total independência. Então, não vamos a reboque de ninguém”, afirmou ontem o líder do MDB na Casa, Baleia Rossi (SP).

A saída do DEM e do MDB do grupo escancara também a divisão dos partidos da Casa em votações cruciais, como a reforma tributária. Enquanto o Centrão de Lira age para emplacar o projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes, Maia e as bancadas do DEM e do MDB patrocinam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada por Rossi.

O mesmo confronto é esperado na sucessão na Mesa Diretora da Câmara, marcada para fevereiro.  Maia não apoia Lira e quer fazer seu sucessor, lançando outro candidato com apoio do DEM e do MDB.

“Esse bloco permanece com uma candidatura mais ligada ao Planalto e nós pretendemos ter uma candidatura com um pouco mais de independência, ligada à liderança Rodrigo Maia”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB)

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Além do DEM e do MDB, o blocão formado ainda em 2019 contava ainda com Progressistas, PL, PSD, Solidariedade, PTB, PROS e Avante, somando 221 deputados federais, o maior da Casa. O grupo foi formalizado para conquistar um maior número de assentos na Comissão Mista de Orçamento (CMO) - a divisão é feita proporcionalmente ao tamanho dos blocos. Naquele ano, o Centrão teve 18 dos 40 assentos no colegiado mais cobiçado do Congresso.

Somados, os partidos que formavam o grupo vão manter a maioria no colegiado e, neste ano, terão metade das cadeiras da comissão. Isso porque as indicações dos nomes foram feitas em fevereiro e, na prática, a dissolução da aliança em nada altera a distribuição de vagas na CMO.

Segundo Maia, "naturalmente, no início de cada ano os partidos buscam se alinhar às agremiações com as quais possuem maior afinidade para alcançar uma melhor representatividade na CMO". Além disso, destaca que "os blocos formados com esse propósito duram, em geral, até a publicação da composição da CMO e sua instalação". 

"Como, em razão da pandemia, as comissões ainda não se reuniram, a existência do bloco acabou se prolongando. Seu desfazimento é natural, segue um padrão estabelecido pela prática congressual e nada tem a ver com a eleição para a Mesa Diretora em 2021, para a qual tradicionalmente são formados novos blocos”, afirmou o presidente da Câmara.

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