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Lyra depõe e confirma acusações

Usineiro conta a Tuma que ainda emprestou jatinho para senador

Por Rosa Costa e Ricardo Rodrigues
Atualização:

O usineiro e ex-deputado João Lyra (PTB-AL) confirmou ontem, em depoimento ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), as denúncias que fez contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Lyra acusa Renan ter participado com ele de uma "sociedade secreta" para a compra de duas emissoras de rádio e um jornal, em Maceió, dos empresários Nazário Pimentel e Luiz Carlos Barreto.   Leia a íntegra das cartas Tuma afirmou ter recebido documentos que comprovam o negócio, no valor total de R$ 2,6 milhões. Segundo ele, a documentação não tem a assinatura de Renan, mas a do empresário Tito Uchoa, primo e assessor do presidente do Senado, que o teria representado no negócio. Para o corregedor, a transação fere o decoro parlamentar. Segundo ele, Lyra contou ainda ter emprestado seu jatinho para Renan, quando este já exercia o cargo de presidente do Senado. "Isso também não é correto", afirmou. Para o corregedor, o depoimento piorou a situação do senador. Foram quase três horas de depoimento e apresentação de documentos, na sede do Grupo JL, de Lyra, em Maceió. A audiência foi acompanhada apenas por assessores e por delegados da Polícia Federal. O usineiro não deu entrevista e apenas Tuma fez um balanço do depoimento. "João Lyra disse que indicou um assessor de nome Leonardo para representá-lo no negócio e Tito Uchoa era o representante de Renan", revelou Tuma, que pediu ajuda à PF para localizar o suposto sócio do presidente do Senado. "Vou ter de ouvi-lo de qualquer maneira e, se for o caso, farei uma acareação para saber quem está dizendo a verdade", ressaltou o corregedor, que hoje tomará o depoimento de Luiz Carlos Barreto. Ontem Renan e Lyra voltaram a trocar acusações, desta vez em cartas abertas. Em um texto de 62 linhas, o usineiro diz que, no passado, o presidente do Senado sempre o bajulou e "se banqueteava pelos céus do Brasil" viajando de graça em seus aviões. Em resposta, Renan - que da tribuna afirmara que Lyra tem contra si acusações "de vários homicídios e crimes de mando" - disse que a acusação "é um triste retrato da mentira e da hipocrisia". Em sua carta, de 35 linhas, o presidente do Senado sustenta que só esteve no mesmo palanque de Lyra nas eleições de 1986, "quando ainda não havia indícios, senão certeza, de que João Lyra era de fato um fora da lei". "Fosse eu o malfeitor revelado em suas palavras, como explicaria à Nação ter-me recebido no gabinete da Presidência da República?", indaga o ex-deputado. "Como explicaria à Nação as incontáveis vezes que me convidou ao seu gabinete na presidência do Senado para longos e demorados diálogos sobre nossos negócios e projetos?"

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