Lupi exercerá cargos temporariamente

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Por Eugênia Lopes
Atualização:

Em busca do papel de protagonista de sua própria renúncia, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, quer conversar com o novo presidente do Conselho de Ética, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence, antes de decidir licenciar-se do comando do PDT. A intenção é dar o episódio uma atmosfera de solução negociada em alto nível e não uma como produto de uma renúncia forçada pela comissão. Em reunião de mais de três horas com a cúpula do PDT e as bancadas na Câmara e no Senado, Carlos Lupi recebeu a solidariedade do partido e acertou sua permanência temporária nos dois cargos. Foi o primeiro ato de um script já combinado com a bancada: primeiro, o apoio dos parlamentares; depois, a renúncia à presidência do partido. Lupi quer, com isso, evitar especulações de que teria sido pressionado pelo PDT e o governo a se afastar do comando da legenda. A expectativa é que o ministro se licencie na semana que vem da presidência do PDT. "Vou conversar com o Sepúlveda para ser convencido ou tentar convencê-lo", afirmou ontem Lupi, após a reunião com a cúpula pedetista. O ministro disse que vai telefonar hoje para Pertence para marcar o encontro. Ao elogiar o "conhecimento jurídico e a envergadura jurídica" do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Lupi sinalizou que vai se licenciar da presidência. "Com ele (Pertence) o tipo de relação é diferente", observou o ministro. Pertence já sinalizou que considera incompatível o acúmulo da pasta com a presidência do PDT. Parte dos parlamentares do PDT também defende o afastamento de Lupi do comando do partido. Mas o único que fez essa proposta abertamente na reunião de ontem foi o senador Osmar Dias (PDT-PR). "Acredito que o bom senso vai levá-lo a se licenciar da presidência do PDT", afirmou Dias. "Essa história tem de ser esclarecida porque o PDT quer continuar com a bandeira limpa", disse o senador paranaense. Refletindo a estratégia de Lupi, o senador Jefferson Perez (PDT-AM) deixou claro que o ministro não saiu ontem da presidência do PDT para não "parecer que foi pressionado". "Se ele saísse hoje (ontem) vocês iam escrever que ele foi destituído pelo PDT. Não é o momento para ele se afastar", argumentou Perez. Na reunião, Lupi fez um balanço de todo o imbróglio, que começou em dezembro com a sugestão do então presidente do Conselho Ética, Marcílio Marques Moreira, para que ele se afastasse da presidência do PDT.

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