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Lupi cancela 3 convênios com ONGs e nega acusações

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Por Isabel Sobral
Atualização:

Pressionado pela Comissão de Ética Pública e orientado pelo Planalto, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, cancelou ontem três convênios com ONGs para treinamento de trabalhadores e negou as acusações de que favoreceu entidades ligadas a seu partido, o PDT. "Julgo ser vítima de perseguição política e de uma campanha de difamação", disse Lupi. Numa tentativa de mostrar força e apoio, a entrevista foi montada com a presença de parlamentares do PDT e sindicalistas. Ele informou que foram cancelados convênios com o Grupo Mulher Maravilha, de Pernambuco, e a Associação Assistência São Vicente de Paulo, de Catanduva, por razões técnicas, como falta de documentos e contrapartidas. Os recursos antecipados foram bloqueados: R$ 3 milhões para o Mulher Maravilha e R$ 2,1 milhões para a associação. O outro convênio suspenso foi com a DataBrasil, de São Paulo, de cerca de R$ 10 milhões. Segundo Lupi, o cancelamento foi pedido pela entidade. O ministro anunciou que a página do ministério na internet vai publicar a partir da semana que vem a lista de convênios, entidades, valores e datas. E contou que formou um grupo de trabalho para fiscalizar in loco as ONGs selecionadas para montar cursos de qualificação. Na segunda-feira, a Comissão de Ética Pública decidiu pedir-lhe explicações sobre a destinação de R$ 14,7 milhões à DataBrasil e ao Instituto Inesp de Treinamento - as duas são parceiras da Força Sindical, presidida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) - e sobre convênios de cerca de R$ 50 milhões com entidades e pessoas ligadas a políticos do PDT. Ontem, Lupi disse que levará pessoalmente as explicações ao novo presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, e que ainda não conversou sobre o assunto com o presidente Lula. Para rebater as acusações de que, desde que assumiu a pasta, em abril passado, teria privilegiado pedidos de verbas de prefeituras ou entidades ligadas ao PDT, Lupi relacionou um total de R$ 430 milhões em convênios assinados ou renovados de 2007 até fevereiro de 2008 e os distribuiu por partidos, considerando o governo de cada Estado ou município beneficiado. Segundo a lista, para o PDT foram destinados R$ 14,4 milhões e para o PT, R$ 96,3 milhões. Os partidos de oposição também estão na lista. Para o DEM aparecem R$ 54,1 milhões e para o PSDB, R$ 102,4 milhões. "Não veto nem discrimino ninguém, até porque a norma técnica impede o direcionamento por partido", disse o ministro. Lupi foi aplaudido pela platéia ao atribuir as denúncias ao fato de estar incomodando "alguns setores do empresariado" com ações que beneficiam trabalhadores. Ele repetiu que não pretende deixar o governo nem a presidência do PDT, desafiando a Comissão de Ética, que apontou conflito de interesses entre os cargos e recomendou sua saída ao presidente Lula.

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