Lula viaja amanhã à Argentina para discutir integração

PUBLICIDADE

Por ARIEL PALACIOS
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcará amanhã à noite na capital da Argentina para reunir-se com a presidente Cristina Kirchner. O encontro presidencial está dentro do marco do MICBA, o "Mecanismo de Integração e Cooperação Brasil-Argentina", cujo ponto principal são as cúpulas presidenciais bilaterais que ocorrem duas vezes por semestre. Estes encontros são realizadas com o objetivo de propiciar um "empurrão" adicional periódico na integração entre os dois países.Esta será a 13ª visita de Lula à Argentina como presidente (ou 14ª se for contabilizada a visita que fez na condição de presidente eleito em dezembro de 2003). Esta também será a primeira visita de Lula à Argentina desde que o governo Cristina começou a aplicar medidas protecionistas contra a entrada de produtos estrangeiros no final do ano passado. As medidas do governo - implementadas a pedido da União Industrial Argentina (UIA) - foram aplicadas formalmente para todos os países. No entanto, atingiram principalmente os produtos Made in Brazil. Entre os produtos que sofreram alguma espécie de obstáculos estão os multiprocessadores de alimentos, tubos de aço e facas. Há mais de um mês cinco setores industriais de ambos países estão tentando resolver suas divergências. No entanto, não surgiram resultados até o momento. No domingo, em uma entrevista publicada no jornal portenho "La Nación", o presidente Lula indicou que o destino dos dois países é o de estarem unidos. "Não consigo imaginar o Brasil e a Argentina separados", disse. Lula admitiu que os dois países possuem algumas rusgas comerciais. No entanto, minimizou os problemas. "Obviamente, nesta crise tivemos alguns problemas em nossas relações comerciais. Mas não há razão para briga. É motivo para sentar à mesa e conversar."O presidente sustentou que ambos os países precisam ver um ao outro como aliados, e não como rivais. "Teremos divergências, mas estas serão sempre menores do que as necessidades de união entre nós." Segundo Lula, "a única divergência com a Argentina é o futebol: se Pelé é melhor ou não que Maradona. No resto, quero construir consensos com a Argentina". O presidente também indicou que, se tivesse nascido no país, "com certeza seria peronista", partido ao qual pertence a presidente Cristina. Caso a agenda não seja modificada à última hora, Lula estará acompanhado nesta viagem pelo chanceler Celso Amorim e os ministros da Defesa, Nelson Jobim; Minas e Energia, Edison Lobão; Comunicações, Hélio Costa; e Comunicação Social, Franklin Martins. A viagem será breve - o presidente Lula deve partir da Argentina na quinta-feira "depois do almoço", segundo fontes diplomáticas. Até o final desta tarde não estavam previstas reuniões oficiais para o presidente Lula logo após seu desembarque. O presidente passará a noite no Palácio Pereda, a sede da Embaixada do Brasil em Buenos Aires. Ele se reunirá às 11 horas da quinta-feira na Casa Rosada, o palácio presidencial, com a presidente Cristina Kirchner.Do lado do governo argentino existe a expectativa de "seduzir" a Embraer, de forma que a empresa brasileira realize investimentos no país. O sonho de Cristina Kirchner - uma declarada admiradora dessa empresa brasileira - é conseguir que a Embraer participe da fábrica Área Material Córdoba (AMC), a antiga fábrica de aviões militares da Argentina, na província de Córdoba. A ambição do governo argentino é que a fábrica produza no futuro peças para os aviões da Embraer. A AMC - que em seus tempos de glória nos anos 50 produziu os primeiros aviões a jato da América Latina - está em estado de semiparalisia desde os anos 90. Na semana passada, Julio Alak, gerente da companhia aérea estatal Aerolíneas Argentinas e sua subsidiária Austral, anunciou que o governo argentino "está a ponto" de assinar um contrato para a compra de 20 aviões da Embraer, que serão utilizados pelas duas estatais aéreas. A compra dos aviões seria facilitada pelo financiamento do BNDES, segundo Alak. "A Embraer financiará 85% da operação de compra destes aparelhos, que é ao redor de US$ 650 milhões".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.