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Lula vê xenofobia em limites à imigração para países ricos

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Por Redação
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Na presença de empresários pesos-pesados da economia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira de xenofobia as políticas restritivas de imigração dos países ricos e afirmou que essas nações temem perder o "status quo" com o avanço das regiões emergentes. "O vento frio da xenofobia sopra outra vez sua falsa resposta para os desafios da economia e da sociedade. Hoje como ontem o desemprego, a fome e a instabilidade financeira reclamam maior coordenação entre as nações e maior solidariedade entre os povos", disse Lula em discurso durante encontro com empresários para tratar da questão dos direitos humanos. Na semana passada, a União Européia decidiu que imigrantes ilegais podem ser detidos por até 18 meses e impedidos de retornar ao bloco num período de até cinco anos. Lula se disse perplexo com o atual estágio dos relações humanas entre países, 60 anos após a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos. "O mundo avançado, o mundo que nós chamamos de desenvolvido, é talvez uma parte do mundo hoje mais preconceituosa do que o Brasil, do que outros países", declarou. Ao invés de restringir a imigração, Lula defendeu a ajuda aos países pobres. "Qual é o grande problema que nós temos no mundo desenvolvido hoje? É o preconceito contra a imigração. É o medo de perder seu status quo, é o medo de perder o emprego, é o medo de ter alguém ocupando seu espaço", afirmou. "E isso hoje é um problema extremamente sério em toda a Europa. Não é proibindo os pobres de ir para a Europa, é ajudando a desenvolver os países pobres." Ainda segundo o presidente, o Brasil ganhou importância na esfera política e comercial, se expondo a críticas de fora. "Em nenhum momento da nossa história o Brasil foi tão levado a sério." Ao mesmo tempo, os países ricos passaram a apontar problemas no Brasil como a prática de trabalho escravo nas lavouras de cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol. "Tenho dito que o trabalho (na cana) é penoso, eu não gostaria de fazer, mas não é mais penoso do que o trabalho nas minas de carvão no século passado", devolveu. Lula pediu também aos empresários engajamento nas práticas de inclusão social no país. Estavam presentes, entre outros, o presidente do banco Itaú, Roberto Setubal; Roger Agnelli, da Vale do Rio Doce; Abílio Diniz, do Grupo Pão de Açúcar; e Antonio Carlos Valente, da Telefônica. (Reportagem de Carmen Munari; Edição de Eduardo Simões

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