PUBLICIDADE

Lula vai elogiar ´aliança´ proposta por Bush em visita

Atuação de Chávez na América Latina também deve pautar encontro entre líderes

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar seu discurso, no encontro com o presidente dos EUA, George W. Bush, para destacar que o tema etanol propiciou que, pela primeira vez, um chefe de Estado norte-americano chegasse ao Brasil propondo "uma aliança real, uma verdadeira parceria" entre os dois países. Lula vai destacar ainda que Brasil e EUA têm o que construir juntos. Por outro lado, a visita de Bush deverá levar Lula a posição de destaque nos conflitos entre os EUA e a Venezuela, do presidente Hugo Chávez. Bush desembarca na noite desta quinta-feira, 8, em São Paulo, na condição de líder que tenta romper seu isolamento no plano internacional e conter a expansão da revolução bolivariana de Chávez por meio de acenos de "generosidade" à América Latina - região que vinha relegando nos últimos seis anos. A Casa Branca soube valer-se da assinatura de um acordo bilateral de cooperação na área de biocombustíveis e dos investimentos que seguirão ao Brasil como moeda de troca nas suas pretensões na América Latina. Este terceiro encontro formal entre Bush e Lula será marcado, portanto, por uma pragmática barganha. Investimentos O Palácio do Planalto alimenta a expectativa de ver as corporações americanas despejarem bilhões de dólares em investimentos na tecnologia e na produção de etanol de celulose no Brasil, nos próximos anos, bem como em obras de infra-estrutura e do setor energético listadas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Também se aproveita da passagem de Bush para refutar a existência de um viés antiamericano no governo Lula e para lançar uma nova fase de relações "renovadas" e "íntimas" entre Brasil e EUA, como defendeu o chanceler Celso Amorim. Assessores do presidente Lula indicaram na quarta-feira, 7, que essas chances não serão perdidas. Mas ressaltaram que não há interesse nenhum de ver a Venezuela incluída na conversa entre Lula e Bush, na sexta-feira, 9. A inclusão desse tema, completaram, seria constrangedora para o Brasil e limitaria a capacidade de o País atuar como força estabilizadora da América do Sul. Até o momento, a receita de Lula para tourear Chávez envolvia paciência, sugestões cautelosas e raras broncas. Mesmo que essa fórmula seja preservada, dificilmente Chávez verá Lula da mesma forma depois da passagem de Bush pelo Brasil e a visita do presidente brasileiro a Camp David, em 31 de março. Parceria O documento que Lula e Bush assinam na sexta-feira abrirá formalmente o leque jurídico para a parceria no desenvolvimento da tecnologia do etanol de celulose e para a ação conjunta em potenciais mercados produtores na América Latina. O estágio embrionário dessa parceria, entretanto, vai requerer de Lula e sua delegação certa cautela ao tratar da necessária abertura do mercado americano de etanol, para evitar o aborto do projeto por Washington. Atualmente, o galão - equivalente a 3,785 litros - importado do Brasil é taxado em US$ 0,54. A idéia de um acordo de cooperação na área de biocombustíveis dormia em uma gaveta de Washington desde 2001, até ser resgata recentemente pela Casa Branca para a oportuna passagem de Bush por São Paulo - a primeira parada de um roteiro que se estenderá por Uruguai, Colômbia, Guatemala e México. A proposta não só agrada ao governo Lula, mas responde também ao desafio de Bush de reduzir a dependência americana do petróleo e aos clamores do eleitorado americano na área ambiental.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.