PUBLICIDADE

Lula vai assumir com cenário tranqüilo na economia

Principal preocupação de pestista é o baixo crescimento dos últimos anos

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai começar seu novo mandato num cenário mais favorável do que o encontrado por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, quando iniciou sua segunda gestão. Em 1999, com o País pressionado por uma enorme crise econômica internacional, FHC se viu obrigado a desvalorizar o câmbio logo no início. Precisou trocar dois presidentes do Banco Central e controlar fuga de reservas financeiras em torno de US$ 40 bilhões. Assim, perdeu energia e teve problemas políticos em toda a gestão. Com cenário externo atual mais tranqüilo, Lula não deverá enfrentar dissabores desse tipo. Seu maior fantasma é a falta de crescimento da economia, que apresentou números medíocres nos últimos quatro anos. Há quase dois meses, o presidente cobra apresentação de propostas que garantam a aceleração da economia nacional. Um pacote de medidas tinha sido prometido pelo governo para antes do fim do primeiro mandato, mas foi adiado. Para fugir da síndrome do segundo mandato, Lula precisará usar sua habilidade política. Logo após votar no segundo turno da eleição, o próprio FHC reconheceu, em entrevista, as dificuldades que teve e previu problemas para Lula: "No segundo mandato você já não tem mais perspectivas de poder. E na política quem não oferece perspectivas de continuidade de poder tem mais dificuldades." Medidas Para tentar reverter o problema da falta de crescimento, Lula tem reunido os principais integrantes da equipe econômica. Dentro das alternativas estudadas para promover o crescimento, algumas agradaram Lula. Uma delas tem origem justamente num governo de oposição. O Planalto decidiu analisar mudanças na Previdência sugeridas por Vicente Falconi, do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG), um dos responsáveis pelas medidas do choque de gestão do governador de Minas, o tucano Aécio Neves. Pela proposta, seria possível reduzir despesas do setor em até R$ 50 bilhões, em três a quatro anos. A maior dificuldade hoje é afinar a base aliada e garantir a consolidação do governo de coalizão, o que permitiria a aprovação de propostas de interesse da Presidência. Só que a disputa entre setores aliados pelo comando da Câmara já vem azedando as relações. No primeiro mandato, vários deputados votaram a favor do governo impulsionados pelo mensalão. Agora, na segunda gestão, Lula planeja uma base em torno de ideais comuns e de uma agenda positiva. O problema é que nem os aliados sabem claramente qual é a agenda. O presidente tem defendido a aprovação das reformas política e tributária. As propostas em torno disso, porém, não têm consenso e são de difícil aceitação. Há quem defenda que sejam atacados temas como segurança e educação. Para se fortalecer no Congresso, o alvo de Lula é o PMDB, dono da maior bancada na Câmara (89 eleitos) e que deve ser hegemônico no Senado (20 integrantes). Se esse partido fechar a seu favor, o presidente avalia que poderá aprovar medidas que garantam o crescimento do País e avanços na área social.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.