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Lula sobre Alckmin: ‘Quero construir uma chapa para ganhar as eleições’

Pré-candidato do PT diz que aguarda definição de novo partido do ex-governador para seguir negociando eventual indicação de Alckmin à vice-presidência

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Por Redação
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a hipótese de ter Geraldo Alckmin (de saída do PSDB) na vice de sua chapa presidencial em 2022 e disse que aguarda a definição do novo partido do ex-governador para avançar nas negociações. Em entrevista para a rádio Gaúcha FM nesta terça-feira, 30, o petista afirmou que ambos estão buscando construir um acordo. 

“Tive uma extraordinária relação com o Alckmin no meu governo. Ele está definindo qual será seu partido político e nós estamos no processo de conversar. Vamos ver se é possível construir uma aliança política. Mas é o seguinte: eu quero construir uma chapa para ganhar as eleições”, disse Lula.

Partido do ex-presidente corteja o tucano para dar caráter ideológico mais amplo à candidatura de Lula. Foto: Gabriela Biló/Estadão

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Nesta segunda-feira, 29, Alckmin fez novos acenos a uma aliança com Lula durante conversa a portas fechadas com presidentes de centrais sindicais, que defendem a aliança. O tucano, que negocia filiação no PSB, PSD e União Brasil, tem sido cortejado por petistas para dar um caráter ideológico mais amplo à candidatura Lula, sinalizando ao centro e valorizando a responsabilidade fiscal no histórico de Alckmin como gestor.

Durante a entrevista, Lula voltou a afirmar que ainda não bateu o martelo sobre sua candidatura à Presidência, embora tenha assumido uma agenda claramente pré-eleitoral, de costuras regionais. Se eleito, disse, vai rever a política de paridade de preços da Petrobrás para tentar controlar a inflação, tema usado pelo petista como munição contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele também criticou o teto de gastos adotado no governo do ex-presidente Michel Temer. “O teto de gastos só pode ser aprovado em um país onde o presidente da República não tem autoridade moral para decidir o que fazer, o que gastar, onde investir”, disse, sem explicitar se pretende buscar mudanças nos limites legais.

O petista voltou a se defender de acusações de corrupção em seus mandatos. Ele alegou que a marca dos governos petistas foram as políticas de inclusão social, não o mensalão e o petrolão. “Nenhum governo criou mais instrumentos de combate à corrupção que Lula e Dilma”, disse, citando leis regulamentadas quando o partido ocupava a cadeira do Executivo, como a da delação.

“Quem praticou corrupção no PT foi punido, foi responsabilizado. O que nós queremos é que a investigação seja bem feita, que não seja feita por um mentiroso como o Moro ou por uma quadrilha como a do Dallagnol”, afirmou.

Daniel Ortega

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Lula também voltou a comentar a declaração, feita em entrevista ao jornal espanhol El País durante sua viagem pela Europa, em que comparou os mandatos de Daniel Ortega, na Nicarágua, e Angela Merkel, na Alemanha. "Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Qual é a lógica?”, questionou na semana passada.  Na ocasião, uma jornalista do jornal espanhol rebateu o ex-presidente e pontuou que Ortega persegue opositores para se manter na Presidência, diferentemente de Merkel.

No início de novembro, Ortega venceu eleições consideradas ilegítimas pela Organização dos Estados Americanos (OEA).  O mandatário, no poder desde 2007, mandou prender sete de seus opositores antes que a população fosse às urnas, eliminando candidatos que pudessem ameaçar sua vitória.

Nesta terça-feira, o ex-presidente disse que sua fala se referia ao modelo de governo: "Por que no presidencialismo não pode permanecer no Poder e no parlamentarismo pode?". Questionado por uma jornalista sobre o fato de Ortega mandar prender seus opositores, Lula afirmou: "Não vi  vocês ficarem incomodados quando eu fui preso injustamente". 

Lula e o PT têm sido criticados por manifestar apoio a regimes autoritários da esquerda no mundo, como Nicarágua e Venezuela. Durante a entrevista desta terça-feira, Lula também comentou o fato de Nicolás Maduro ter derrotado a oposição nas eleições que ocorreram este mês na Venezuela. O ex-presidente evitou responder a uma pergunta em que foi questionado se considera esses países, incluindo Cuba, como democracias.   

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