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Lula reúne embaixadores para discutir América do Sul

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

As dificuldades de financiamentos, principalmente para executar projetos de infra-estrutura, a falta de fiscalização nas fronteiras, a precariedade das ligações aéreas entre os países e a dívida do Brasil com o Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focen) são alguns dos "gargalos" que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutirá amanhã em reunião com todos os embaixadores brasileiros na América do Sul. Participarão do encontro, no Palácio da Alvorada, 13 ministros e presidentes de empresas como Petrobras, Eletrobrás e Itaipu. Os embaixadores farão um relato ao presidente sobre os acordos firmados com os países sul-americanos que não saíram do papel ou que avançaram pouco menos do que o esperado. Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, os entraves para financiamentos são um dos focos principais da reunião. "Queremos ver os obstáculos, o que não foi possível realizar. Financiamento é um gargalo para (investimento em) obras de infra-estrutura", afirmou Amorim. "O saldo (do andamento dos acordos) não está ruim, mas poderia ser melhor. Às vezes, a burocracia é lenta", disse o chanceler. Juros altos e excesso de burocracia são problemas enfrentados pelas empresas que têm planos de investir nos países vizinhos. Segundo Amorim, só o BNDES aprovou, nos últimos quatro anos, US$ 6 bilhões em empréstimos para empresas dispostas e investir na América do Sul, mas menos de US$ 3 bilhões foram efetivamente desembolsados. O restante ficou apenas na intenção dos investidores, que acabaram desistindo dos projetos. Outro assunto a ser tratado na reunião, e que certamente acarretará em cobrança aos ministros da Fazenda e do Planejamento, é o fato de o Brasil ainda não ter pago sua contribuição ao Focen, fundo voltado para projetos de desenvolvimento da América do Sul, especialmente dos países mais pobres. O Brasil comprometeu-se a transferir US$ 52 milhões, mas no Orçamento da União estão previstos apenas US$ 8 milhões. O restante dependerá de crédito extraordinário, a ser votado pelo Congresso Nacional. Amorim disse que, pelo que conhece do presidente, Lula certamente fixará prazos para a solução dos obstáculos que impedem o avanço dos projetos do Brasil com os países sul-americanos. "São problemas que, em princípio, têm resposta. Não serão prazos homogêneos. Encontrar uma saída para a questão do financiamento não é simples", disse o ministro.

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