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Lula recomenda que TV pública não seja ´chapa-branca´

Os custos da rede envolvem R$ 250 milhões para os primeiros quatro anos

Por Agencia Estado
Atualização:

A criação de uma TV pública foi um dos pontos altos do discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a posse de cinco novos ministros, nesta quinta-feira, 29, no Palácio do Planalto. Durante a solenidade, Lula disse que essa TV deve ser séria e fazer "o que muitas vezes a TV privada não faz". "Eu sonho grande. Eu quero uma coisa 24 horas por dia e que não seja chapa branca", disse. Em tom exaltado, o presidente afirmou: "Chapa branca parece bom mas enche o saco. E gente puxando saco, não dá certo. A gente tem que fazer uma coisa séria." Lula, que teve o primeiro mandato marcado por divergências com os meios de comunicação, disse que a política que será desenvolvida por Franklin Martins deve tratar a informação com seriedade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou ao novo ministro empenho no desenvolvimento da proposta da TV. "A informação deve ser tal como ela é, sem pintar de cor de rosa, mas sem ser pichada" . Lula disse que a TV pública proposta pelo governo deve atuar em parceria com outras tevês de outros poderes, como a TV Senado e a TV Câmara. Segundo ele, a proposta é garantir que as pessoas possam fazer cursos de inglês, matemática , espanhol e português. "Não me interessa que essa TV vai ter meio ponto de audiência. O que interessa é que tenhamos uma opção de uma coisa de muita profundidade." Resistência à TV Lula A proposta do ministro das Comunicações, Hélio Costa, de criar uma rede de TV do Executivo, já apelidada pela oposição de TV Lula, tem mais críticos dentro do próprio governo do que se imaginava. Para técnicos do Ministério da Cultura, ao lançar a idéia, Costa acabou atropelando uma discussão ampla, que a Cultura desenvolve desde o ano passado, sobre a criação de uma rede pública de televisão. O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, já havia reagido com surpresa ao projeto do ministro das Comunicações. Embora não admita publicamente, o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, está disposto a se distanciar da idéia de criação de uma TV estatal destinada a divulgar políticas do governo federal. "Reconhecemos o direito de o governo ter uma estrutura para se comunicar com a população diretamente. Mas o que nós discutimos no ministério é um projeto de TV pública", disse. A estimativa é de que o projeto custaria no mínimo R$ 250 milhões para os primeiros quatro anos. Ferreira informou que ainda não conversou com o colega das Comunicações e espera que, em reunião prometida por Lula para debater o assunto, a proposta seja esclarecida. ´Uma reunião é a busca de entendimento, de compreensão, de esclarecimento´, alegou. ´O que está nos jornais é confuso. Mistura as duas coisas. Por isso, não tenho condições de me posicionar tão claramente.´ O Ministério da Cultura vem trabalhando com diversos setores da sociedade na construção de uma proposta de criação de uma rede de TV pública em tecnologia digital, destinada exclusivamente à difusão de conteúdo educativo e cultural de interesse da sociedade, com autonomia de gestão.

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