O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ratificou nesta sexta-feira, 11, em sua primeira visita oficial ao Timor Leste, o compromisso do Brasil de manter o apoio ao desenvolvimento da jovem democracia e presenciou a assinatura de seis acordos bilaterais de cooperação. "O Timor Leste é uma nação soberana e merece nosso apoio", disse Lula perante o plenário do Parlamento timorense. Ele assegurou, em seguida, que o Brasil "ajudará o Timor Leste tanto quanto puder". Os acordos adotados entre ambos os países são principalmente "de transferência de conhecimentos, capacitação e troca de informação e experiências", segundo fontes da Presidência brasileira. Concretamente, abordam matérias como a economia solidária e os microcréditos, o desenvolvimento florestal, a segurança, a cooperação judicial, os esportes e os arquivos. Mediante os pontos mais importantes dos memorandos, o Brasil prorrogará um programa de formação de funcionários públicos no Timor Leste e participará do treinamento e capacitação das forças de segurança locais. Lula anunciou ainda a ampliação, até 2010, do programa de alfabetização mantido por 50 professores brasileiros no país. Já o chefe de Estado do Timor Leste e Prêmio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, expressou ao presidente brasileiro, no início da visita, seu desejo de estreitar as relações "especialmente nas áreas de agricultura, pesca e capacidade construtora". Lula, que também falou com o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e com outros membros do Executivo do país, foi, em seguida, ao Parlamento e à sede do Poder Judiciário em Díli. À tarde, visitou um centro de formação profissional e se reuniu com a comunidade brasileira que mora nessa pequena nação do sudeste asiático, para depois manter um breve contato com um representante das Nações Unidas. A visita oficial do presidente brasileiro responde à efetuada por Ramos-Horta ao Brasil no final de janeiro, na qual o presidente do Timor Leste se interessou especificamente pelo projeto Renda Básica de Cidadania. Relações comerciais Lula chegou a Díli nesta madrugada procedente do Vietnã, onde, antes de dar por concluída a visita de um dia ao país, defendeu a necessidade de ampliar as relações comerciais com as nações asiáticas para fortalecer a economia brasileira. Ele afirmou em Hanói que a oportunidade do Brasil para ocupar um espaço no mercado internacional passa por diversificar seus contatos e os produtos, e admitiu que a Ásia é uma matéria pendente. "É incompreensível que não tenhamos participação em um país de 200 milhões de habitantes como a Indonésia", ressaltou o presidente, que, após deixar Díli, viajará para Jacarta, a última escala de sua viagem por quatro nações asiáticas. O itinerário começou no Japão para aproveitar a realização da cúpula do Grupo dos Oito (G8, sete nações mais ricas do mundo e a Rússia), que permitiu que Lula se reunisse, entre outros, com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Independência O Brasil teve um papel importante no processo de independência do Timor Leste graças às tradicionais relações bilaterais entre os dois países derivadas de sua condição de ex-colônias portuguesas. Após a dupla tentativa de assassinato de Ramos-Horta e Gusmão, em 11 de fevereiro, em Díli, em um atentado cometido por um militar rebelde, o Governo Lula apoiou publicamente ambos os dirigentes para impedir a desestabilização do jovem Estado, que obteve a independência em 2002, como um dos países mais pobres do mundo. O Timor Leste, que após séculos de domínio português ficou 24 anos ocupado pela Indonésia, ainda luta para alcançar uma estabilidade política que lhe permita se concentrar no desenvolvimento econômico.