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Lula quer prisão de controlador que fizer greve, dizem líderes

Com a orientação dada agora pelo presidente, Planalto recua definitivamente do acordo selado com os controladores, que previa também anistia aos grevistas

Por Agencia Estado
Atualização:

Os controladores de vôo que promoverem motim durante o feriado da Páscoa deverão ser presos e incluídos em inquéritos policiais militares (IPMs). Esta foi a orientação dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em mais um capítulo do endurecimento do governo nas negociações com os controladores de vôo, desde um acordo selado com a categoria, na última sexta-feira, para pôr fim à paralisação que parou por mais de cinco horas todos os aeroportos do País. O relato de Lula foi reproduzido, nesta terça-feira, 3, no Palácio do Planalto, pelos líderes do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), e do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), na reunião do Conselho Político, que integra os 11 partidos da coalizão. "Agora, está claro, para quem entrar em greve, o que significa um militar amotinado. A sociedade saberá que este País tem comando", afirmou Albuquerque, comentando a decisão de Lula. Com a orientação dada agora ao Comando da Aeronáutica, o presidente recua de decisão anterior. No fim de semana, Lula suspendeu ordem de prisão de mais de uma dezena de controladores amotinados, dada pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito e abriu precedente para uma crise entre os militares e o governo. Segundo lidernaças presentes no encontro, o presidente também acertou com o comandante da Aeronáutica a realização de concursos públicos para contratação de novos controladores de vôo e o recrutamento de servidores com experiência no controle de tráfego aéreo já aposentados. De acordo com o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), Lula informou também que, na conversa com Saito, reafirmou que é necessário respeito à hierarquia militar e voltou a declarar: "Fui traído por sindicalistas que aproveitaram minha ausência para criar o caos, mas isso foi um gol contra, pois atingiu os brasileiros." Novos rumos Mais cedo, o Planalto anunciou que estava voltando atrás em uma das principais e mais polêmicas cláusulas do acordo feito entre o governo e o movimento grevista para o fim da paralisação. Durante reunião com a categoria, nesta terça-feira, 3, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, negou a anistia dos participantes do motim. Mesmo sendo advertido de que o termo estava na nota assinada por ele para o fim da greve, Bernardo repetiu que o assunto nunca foi tratado. Depois, o ministro assegurou que o governo quer "investir na tranqüilidade e não botar fogo no circo". Após se reunir por uma hora com controladores de vôo militares e civis, o ministro afirmou que o governo pretende fazer mudanças no sistema de tráfego aéreo do País, ouvindo todos os setores envolvidos, "mas sem faca no pescoço, sem passar intranqüilidade à sociedade brasileira". Apesar de ter se comprometido, na sexta-feira à noite, a atender às reivindicações dos controladores de vôo, Lula tem dado sinais claros de que está inconformado com a insubordinação dos controladores militares e vai enfrentar o movimento. O primeiro sinal da nova estratégia do presidente foi anunciar a intenção de fazer um pronunciamento à Nação se a situação aérea do País piorar. Outro sinal é o próprio discurso adotado nas negociações por Bernardo, ao desautorizar a anistia dos militares envolvidos na greve. O ministro também disse que repassou aos controladores a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de que ele tem todo o interesse em negociar. Segundo Paulo Bernardo, Lula deixou claro que só fará negociação se os controladores de vôo trabalharem em condições de normalidade. "Vamos negociar, mas não debaixo de ameaça. Negociação como essa exige confiança mútua entre ambas as partes", disse o ministro, em rápida entrevista coletiva, na saída do ministério. Matéria alterada às 13h32, para acréscimo de informações.

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