PUBLICIDADE

Lula quer órgão para decidir sobre paralisação de obra

Por Tania Monteiro
Atualização:

Durante discurso na posse do novo advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o Tribunal de Contas da União (TCU), sem citar o órgão, e defendeu a criação de uma espécie de câmara de nível superior, que possa decidir rapidamente se uma obra pode ou não ficar parada. "Não é fácil governar com a poderosa máquina de fiscalização e pequena máquina de execução." Lula disse que está preparando um "relatório com coisas absurdas", numa referência a casos de obras que foram paradas e nos quais ninguém foi punido por ordenar a paralisação. Ele também defendeu as viagens dele e de ministros pelo País.No discurso, Lula se mostrou bastante incomodado com as paralisações de obras. "O Brasil está travado." De acordo com ele, "as pessoas não têm dimensão do que significa paralisar uma obra, isso tem de mudar". O presidente disse que, dentro do processo que existe hoje, "uma pessoa dos confins, do quarto escalão resolve e ela tem mais poder que o presidente da República". O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, também presente à cerimônia, concordou com a afirmação do presidente de criar um órgão para dirimir problemas de paralisação de obras mais rapidamente. Mas lembrou que, muitas vezes, o problema ocorre dentro do próprio governo. "A bola está com o Legislativo e com o Executivo." Sobre as críticas feitas às viagens do presidente e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da defesa feita por Lula em seu discurso sobre a necessidade de fiscalizar as obras, Mendes respondeu: "Não tem problema viajar para fiscalizar. O problema é fazer campanha. Eu viajo muito e não faço campanha."No desabafo sobre as paralisações, Lula citou o episódio de uma obra que foi suspensa porque uma pedra foi confundida com uma machadinha indígena. "Parou nove meses e depois se viu que era uma pedra comum. Com que direito alguém para uma obra nove meses? Qual o custo disso para o País?", prosseguiu, dizendo que quem dá uma ordem para parar uma obra não sofre nenhuma punição. Lula acrescentou que "quer deixar um legado de harmonização maior entre as instituições" e defendeu seu governo que, segundo ele, terminará "infinitamente melhor" em comparação com qualquer outro.RelatórioLula avisou que está preparando um "relatório com coisas absurdas", numa referência a casos de obras que foram paradas por cinco, dez meses e um ano, e as pessoas que deram a ordem para parar não sofreram qualquer punição. Ele citou, por exemplo, os problemas enfrentados no setor elétrico, quando tem que se pensar cinco anos à frente, acrescentando que, na verdade, deveria se pensar 10 anos à frente. E ainda assim, acrescentou, há problemas. "Às vezes, prevalece o fundamentalismo e não a discussão técnica".Ele comentou, por exemplo, que, às vezes, pergunta à Dilma se uma determinada obra está pronta e ouve dela que aquela obra nem começou. "Os entraves são demais. O presidente e os ministros têm que estar viajando", disse, ao defender as viagens dele e de seus ministros pelo Brasil. "Quem engorda o porco é o olho do dono", declarou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.