Lula quer fim de disputas em torno de sucessão na Câmara

PT e o PMDB ensaiam a união contra manutenção de Aldo na presidência da Casa

Por Agencia Estado
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Em seu primeiro encontro com os dez partidos que irão compor o governo de coalizão no segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apelará nesta quarta-feira para o fim das disputas na base aliada em torno da sucessão na Câmara, mas não adiantará nomes do novo ministério. Antes de definir o tamanho de cada legenda na equipe, Lula quer a garantia de votos das bancadas no Congresso para aprovar os projetos de interesse do governo. O problema é que os aliados já começam a mostrar sinais de irritação com a demora na montagem do ministério e com a pressa do PT ao lançar o deputado Arlindo Chinaglia (SP) para disputar a presidência da Câmara. Chinaglia é líder do governo, mas Lula já disse que apóia a recondução de Aldo Rebelo (PC do B) no cargo. Agora, o PT e o PMDB ensaiam a união contra Aldo, para se contrapor ao grupo que articula um movimento por mais um mandato para o comunista. Em reunião da Executiva Nacional do PT, na tarde desta-feira, o partido decidiu manter estrategicamente a candidatura de Chinaglia, ao menos por enquanto, embora no Planalto sua desistência seja dada como favas contadas. O próprio Chinaglia conversou à tarde com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e admitiu a possibilidade de sair do páreo para apoiar um peemedebista. "Vamos submeter o nome do Arlindo à base aliada", afirmou o deputado federal eleito Jilmar Tatto (SP), terceiro vice-presidente do PT. "Mas é claro que ninguém vai afrontar o presidente.Teremos um candidato único." Na prática, o primeiro teste da coalizão será mesmo a eleição para as presidências da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2007. Além de defender Aldo, Lula quer a permanência de Renan Calheiros (PMDB-AL) no comando do Senado. "O governo Lula não pode se perder nas brigas intestinas do Congresso", protestou o deputado Jamil Murad (PC do B-SP). "Não vamos agora repetir o episódio Severino: se algum partido não quiser enxergar isso e preferir olhar para os benefícios de ter a presidência da Câmara, acabaremos tropeçando na primeira pedra", emendou Murad, numa referência ao racha entre os aliados, em 2005, que resultou na vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE), obrigado a renunciar sete meses depois. Temer disse que Lula dará o tom do encontro desta quarta-feira, pois não há pauta definida. "Ninguém vai lá para pedir cargos nem nada disso, mas é evidente que o teste da coalizão é a disputa pela presidência da Câmara", observou. "De agora em diante, a base aliada precisa ter gestos muito meditados." A bancada do PMDB também tem reunião marcada para esta quarta, com o objetivo de escolher o candidato do partido à sucessão de Aldo, mas pode adiar a decisão, na tentativa de fechar acordo com os petistas. Por enquanto, são pré-candidatos os deputados Geddel Vieira Lima (BA) e Eunício Oliveira (CE). Além do PT e do PMDB, terão assento na primeira reunião do conselho político com Lula, no Planalto, dirigentes do PC do B, PSB, PRB, PDT, PV, PP, PTB e PR (sigla com a qual o PL foi rebatizado). O PTB será representado por seu líder na Câmara, José Múcio (PE). Motivo: o presidente do partido é o ex-deputado Roberto Jefferson, autor das denúncias do mensalão, que jogaram o governo em sua maior crise política, no ano passado. O Planalto continua trabalhando para afastar Jefferson do cargo, mas até agora não obteve sucesso na empreitada.

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