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Lula promete PAC para ´revolucionar´ educação do País

Para presidente, só assim o Brasil se tornará um país ´de primeiro mundo´

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em sua primeira visita oficial ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso de improviso centrado basicamente na educação. Ao fazer uma referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente informou que seu governo implantará projeto semelhante na área da educação. "Se não fizermos uma revolução na educação, jamais seremos um país de primeiro mundo", destacou. Lula disse que o desafio de melhorar a educação no Brasil, sobretudo o ensino fundamental, não é uma meta apenas do seu governo, mas sim de toda a sociedade. "Não podemos permitir o descaso das últimas três décadas com os jovens", emendou. O presidente afirmou que o ministro da Educação, Fernando Haddad, deverá apresentar um elenco de 42 medidas para propiciar o retorno da qualidade ao ensino fundamental. Segundo ele, os jovens marginalizados do País são resultados de um modelo econômico perverso. "Por isso, distribuir renda é questão fundamental hoje no País", complementou. No início do discurso, Lula frisou que o Brasil poderia estar entre as grandes nações do mundo, se tivesse colocado em prática algumas medidas necessárias, tais como maiores investimentos em educação, a reforma agrária e uma melhor distribuição de renda. Ao falar que está na hora da sociedade assumir este compromisso com o Brasil, Lula disse que no governo JK a economia brasileira chegou a crescer 7% ao ano, mas a inflação era em torno de 23% e o salário mínimo não cresceu. Ainda nesta explanação, Lula disse que na época do chamado "milagre econômico brasileiro" (1968 a 1973), o Brasil chegou a crescer 14% ao ano, mas o salário mínimo decresceu. "O Brasil não aproveitou o seu crescimento para fazer uma distribuição de renda e dar oportunidade a todos", ressaltou ele, em uma crítica indireta aos analistas que criticam o baixo crescimento econômico promovido por sua administração. No entender do presidente, é preciso criar condições para o jovem voltar à escola e permanecer estudando. E voltou a criticar as discussões sobre a redução da maioridade penal: "Acho um absurdo quando se discute reduzir a maioridade penal, daqui a pouco vão querer punir aqueles que pensam em ter filhos. Ninguém pensa em punir os responsáveis." Satélite Cbers-2B O INPE monta o satélite Cbers-2B, desenvolvido em parceria com a China e considerado pioneiro no atendimento a várias políticas públicas, sobretudo as da área da Segurança Pública e Saúde, e deverá lançá-lo no segundo semestre deste ano. De acordo com informações da assessoria de imprensa do INPE, este satélite entrou em órbita em 1999 e por causa da vida útil (de cerca de 3 anos) vai entrar agora em sua terceira versão (2B). Essa versão possui câmaras de resolução muito mais definidas do que a dos modelos anteriores, por isso, será mais eficiente na busca de soluções para as questões que desafiam os agentes públicos que lidam com as questões relacionadas à segurança, tais como a criminalidade. Lula inaugurou a nova Câmara Blindada Anecóica, usada na medição do nível de interferência eletromagnética emitido por um componente ou sistema, realizado em poucos países, e é própria para testes de grande porte. Reivindicação salarial A visita do presidente Lula ao INPE é realizada também num momento de insatisfação da comunidade de Ciência e Tecnologia com relação às verbas para este setor. O setor reclama, por exemplo, do congelamento dos projetos após o acidente com o Veículo Lançador de Satélites (VLS), ocorrido em 2003, na base de Alcântara (MA) e o corte de verbas para o programa espacial. Para refutar as críticas de redução de investimentos no setor, o ministério da Ciência e Tecnologia alega que os recursos para este setor tiveram incremento de R$ 140 milhões nos últimos cinco anos, passando de R$ 80 milhões para os atuais R$ 220 milhões. Entretanto, a comunidade de Ciência e Tecnologia duvida que todos os recursos previstos para este ano sejam efetivamente alocados em investimentos no setor. O presidente aproveitou o discurso improvisado para dar uma resposta à comunidade científica e tecnológica, que está reivindicando melhores salários para a categoria, já que foi recebido no INPE por faixas de protestos do Sindicato dos Servidores Federais de Ciência e Tecnologia. "Quando cheguei aqui vi a reivindicação salarial dos servidores dizendo ´presidente, não esqueça do nosso salário´. Este é um problema sério. No setor público, quem ganha R$ 7 mil por mês é considerado marajá, mas se no exterior ganhar R$ 70 mil, é considerado competente". Ainda em um recado aos servidores de ciência e tecnologia que reivindicam melhores salários, Lula utilizou sua metáfora preferida, a futebolística, onde disse que gostaria que todo bom jogador fosse do Corinthians (o seu time), mas como clubes do exterior pagam melhor, os melhores jogadores acabam indo embora. "O sonho de todo mundo é progredir, mas precisamos criar essas condições. Se não for assim, o Barcelona vai acabar contratando os pesquisadores", disse ele, arrancando risos da platéia, composta em sua maioria por cientistas e pesquisadores. Este texto foi ampliado às 18h59.

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