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Lula proíbe equipe de criticar política econômica

Por Agencia Estado
Atualização:

Com a certeza de que vai enfrentar uma semana pesada, o governo unificou o discurso em torno da crise provocada pelo caso Waldomiro Diniz e agora tenta criar uma blindagem em torno do ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não só mandou os ministros pararem de criticar a política econômica como tem cobrado informações detalhadas a respeito das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público sobre Waldomiro. O Planalto está preocupado com a exploração política do caso pela oposição, justamente na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá se mantém ou não inalterada a taxa de juros, hoje em 16,5%. Motivo: depoimentos de diretores da Gtech à Polícia Federal, na sexta-feira, indicaram que Waldomiro usou o cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil para, no ano passado, intermediar a contratação do consultor Rogério Buratti pela Gtech. Não conseguiu, mas pressionou a multinacional oferecendo em troca a renovação do contrato com a Caixa Econômica Federal para a operação das loterias. O detalhe é que Buratti foi secretário municipal de Ribeirão Preto em 1993, na primeira gestão de Palocci como prefeito da cidade. Militante histórico do PT, o consultor foi demitido pelo próprio Palocci no fim de 1994, após ter o nome envolvido em denúncia de favorecimento a empreiteiras na distribuição de obras públicas. Mas a empreiteira Leão Leão - da qual Buratti é vice-presidente - foi uma das maiores contribuintes das campanhas de Palocci para deputado federal, em 1998, e para prefeito de Ribeirão Preto, cargo para o qual ele foi reeleito em 2000. "A Polícia Federal está fazendo uma investigação ampla, em todas as frentes, e, além disso, o governo montou uma comissão de sindicância", afirmou o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. "O presidente Lula não quer que paire nenhuma dúvida sobre o caso." Thomaz Bastos disse ainda que a greve da Polícia Federal, hoje em seu sétimo dia, não está atrapalhando as investigações. Ainda hoje ele vai se encontrar com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, para saber informações sobre a comissão de sindicância. Em conversas reservadas, porém, interlocutores do presidente Lula garantem que a dor de cabeça, agora, também está relacionada a Buratti. O Planalto achava que a crise política havia arrefecido, um mês depois do escândalo provocado pela fita de vídeo em que Waldomiro aparecia pedindo propina a um bicheiro, quando os depoimentos do diretor de marketing da Gtech, Marcelo Rovai, e do ex-presidente da empresa Antonio Carlos Lino Rocha, voltaram a agitar a oposição. "A nossa preocupação é com o crescimento da economia e achamos que a oposição quer um mote para desestabilizar o governo Lula", argumentou o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), um dos vice-líderes do governo. "Isso não atinge Palocci nem o José Dirceu (ministro da Casa Civil)", completou o presidente do PT, José Genoino. Ele foi mais longe: disse que a exploração política do caso "pegará mal" para a imagem da oposição. "Hoje o PT reconhece que também exagerou na dose quando pediu algumas CPIs."

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