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Lula pede rigor na investigação de suposto espião

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai conversar na quarta-feira pessoalmente com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Félix, para pedir rigor na investigação sobre a denúncia de que o Palácio do Planalto abriga um espião em seu quadro de funcionários. Nesta segunda, Félix informou ao chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, que já começou a apurar os fatos para tomar as providências cabíveis. Lula considerou muito grave informação publicada pela revista Veja desta semana, dando conta de que o espião é jornalista, trabalha no quarto andar do Palácio do Planalto e presta serviços paralelos para adversários políticos do ministro da Casa Civil, José Dirceu, e da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. A denúncia virou mais um capítulo da disputa de poder entre Dirceu e o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo. No Planalto, alguns interlocutores do presidente acreditam que o próprio Dirceu, enfraquecido diante do espaço ocupado por Aldo, pode estar alimentando a rede de intrigas. Por esta versão, tudo não passaria de uma manobra montada pela Casa Civil para defenestrar Aldo, já que o principal suspeito da espionagem trabalha com ele e em 2002 foi assessor de José Serra, então candidato do PSDB à Presidência. Desafetos Em clima de guerra fria, Dirceu e Aldo não falam sobre o assunto. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nega que dois de seus agentes tenham feito contatos secretos com desafetos do chefe da Casa Civil e da prefeita Marta. Acha a denúncia completamente "estapafúrdia". Segundo a Veja, a dupla da Abin seria abastecida com informações passadas pelo jornalista-espião que trabalha no quarto andar do Planalto. A história acirrou ainda mais os ânimos, despertando desconfiança entre assessores dos dois ministros. Desde o caso Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, que foi flagrado cobrando propina de um suposto bicheiro, Dirceu perdeu poder na equipe e não está satisfeito com suas atribuições de "gerentão" do governo, embora em público diga o contrário. Aldo, por sua vez, tem assumido cada vez mais funções antes destinadas à Casa Civil. Lula gosta de Aldo, confia em seu trabalho, e não planeja tirá-lo da coordenação política. Mas também não quer ver Dirceu aborrecido. Considera-o muito competente e afirma que ele precisa "capitalizar" seu novo trabalho. Em conversas com amigos, diz que muita coisa tem sido feita e não está aparecendo. Na tentativa de prestigiar Dirceu, Lula pediu que ele reforçasse a articulação para aprovar, agora no Senado, o salário mínimo de R$ 260. A votação está prevista para quinta-feira. Amigo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o chefe da Casa Civil tem mais trânsito ali do que Aldo. Para não criar constrangimentos, o ministro da Coordenação Política tem feito contatos com parlamentares em seu gabinete ou por telefone. Deixou as idas ao Senado para Dirceu. Lula espera que ele se recupere logo e continue no quarto andar do Planalto. Por enquanto, sua transferência para a presidência da Câmara não é vista como a melhor opção.

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