Lula pede para base não votar projetos até haver verba

Por TÂNIA MONTEIRO E CIDA FONTES
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou sua base a não colocar em votação, na Câmara, os projetos aprovados pelo Senado que oneram os cofres públicos enquanto não forem encontradas as fontes de recursos. São os projetos que tratam do aumento de recursos da saúde com base na receita bruta, do fim do fator previdenciário e da vinculação dos benefícios dos aposentados que recebem acima do teto ao reajuste do salário mínimo. Segundo relato hoje de participantes da reunião do Conselho Político, no Palácio do Planalto, o presidente considerou irresponsável a atitude dos senadores Paulo Paim (RS) e Tião Viana (AC), ambos do PT, pela autoria dos projetos. "É uma irresponsabilidade dos companheiros. Se eles fizeram isso, agora precisam assumir a responsabilidade dos gastos", afirmou o presidente, que orientou os líderes dos partidos aliados a não cederem às pressões da oposição para votar esses projetos. Pelos cálculos do governo, as três propostas aprovadas pelo Senado representam um gasto de R$ 49,5 bilhões até 2011. Só a proposta que trata da saúde terá um impacto de R$ 7,4 bilhões agora em 2008, R$ 11,9 bilhões em 2009, R$ 17 bilhões em 2010 e R$ 23 bilhões em 2011. Já os dois projetos ligados à Previdência Social causariam um impacto de R$ 4,4 bilhões nas contas do governo só neste ano. Ao sair da reunião do Conselho, o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), disse que não há fontes de recursos no momento para bancar o pagamento das propostas aprovadas pelo Senado. Segundo ele "é demagógico e irresponsável" o discurso da oposição de que há excesso de arrecadação e que os recursos para bancar esse aumento de despesa poderiam sair daí. Fontana informou que na próxima semana haverá várias reuniões para buscar alternativas de recursos. Uma delas, comentou, seria a cobrança dos planos de saúde que usam o sistema público para os seus atendimentos. Segundo ele, os cálculos iniciais de receita variam de R$ 3 bilhões a 5 bilhões por ano.

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