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Lula pede desculpas por dar a entender que policial não é gente: 'Salvam povo trabalhador'

Ex-presidente cometeu gafe ao falar da relação do presidente Jair Bolsonaro com policiais em encontro com mulheres; neste domingo, durante festa das centrais sindicais, afirmou que os agentes "salvam muita gente do povo trabalhador”

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

Após uma gafe cometida neste sábado, 30, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou seu discurso no evento em comemoração ao 1° de maio com um pedido de desculpas aos policiais brasileiros. Em encontro com mulheres da zona norte de São Paulo, Lula havia dito que o presidente Jair Bolsonaro “não gosta de gente, gosta de policial” e foi atacado por adversários nas redes sociais. Já neste domingo, afirmou que, na verdade, queria dizer que Bolsonaro gosta “de milicianos”. “Esse cidadão só governa para os milicianos dele”, disse o petista.

Ex-presidente Lula discursando neste domingo durante oato de 1º de Maio promovido pelas centrais sindicais, em São Paulo. Foto: Nelson Almeida/AFP

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Ao falar sobre os policiais, o petista disse ainda que eles “muitas vezes cometem erros, mas muitas vezes salvam muita gente do povo trabalhador”. “E nós temos que tratá-los como trabalhadores”, afirmou. “Eu escolhi o mês dos trabalhadores para pedir desculpas aos policiais que, por acaso, se sentiram ofendidos com o que eu falei."

Lula também reforçou o pedido de desculpas aos profissionais de segurança em seu Twitter.

Nos últimos meses, com a proximidade do lançamento da campanha, Lula cometeu gafes que têm sido vistas com preocupação por aliados. É o caso da fala sobre os policiais e também sobre o aborto, além de uma sugestão para que sindicalistas procurassem deputados em suas casas. 

“Nesse País não é habitual as pessoas pedirem desculpa. Eu, por exemplo, estou esperando há seis anos que as pessoas que me acusaram o tempo inteiro peçam desculpas”, disse Lula, ao falar sobre decisão de órgão da ONU sobre a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro para julgar o caso de Lula. 

O petista começou com mais de três horas de atraso o ato político das centrais sindicais em comemoração ao dia do trabalhador. O baixo quórum no local para o evento durante a manhã fez organizadores se preocuparem e jogarem as manifestações políticas para mais perto do horário previsto para o show de Daniela Mercury, contando com a presença do público que iria acompanhar a apresentação da cantora.

Lideranças do partido também queriam saber, perto do horário do almoço, qual era o tamanho e o tom dos atos organizados por bolsonaristas.  O quórum na Praça Charles Miller, no Pacaembu, era baixo pela manhã. Do palco, oradores ligados às centrais passaram a pedir que a segurança retirasse grades que impediam que as pessoas chegassem ao centro da praça. A previsão inicial era de que o ato político acontecesse entre 12h30 e 14h. Lula chegaria ao local por volta do meio-dia. 

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A chegada do petista, no entanto, foi postergada para as 15h, mais próximo do horário previsto para Daniela Mercury se apresentar. Quando Lula subiu no palco, o local já reunia mais participantes do que os que estavam no local no horário do almoço. O discurso do ex-presidente começou às 16h. 

Com um ato, no mesmo dia, marcado por bolsonaristas para apoiar o depurado Daniel Silveira, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por ameaças à Corte, os petistas preferiram concentrar os discursos no drama da inflação para a vida dos brasileiros. 

“Vocês acham que a causa da tristeza do povo brasileiro é o STF? A causa da tristeza é não ter um projeto para esse País. É a gasolina cara, comida cara, é a baixa renda, o desemprego”, disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. “Democracia para nós é ter direito a renda, emprego, comida e educação. Por isso, a diferença. Ele (Bolsonaro) tem uma pauta pessoal, nós temos a pauta do povo”, disse a deputada. 

Aplicativos

Em um discurso de 15 minutos, Lula prometeu fazer uma “luta incomensurável” contra a inflação e comparou o regime de trabalho de motoristas de aplicativos e entregadores à escravidão. Trabalhadores de aplicativos, dizem Lula, “não podem ser tratados como se fossem escravos, têm que ter direito a assistência médica, têm que ter seguro quando bater no seu carro, moto ou bicicleta e têm que ter descanso semanal remunerado porque a escravidão acabou em 13 de maio de 1888”. 

O ex-presidente Lula esteve presente neste domingo no ato de 1º de Maio promovido pelas centrais sindicais, em São Paulo. Foto: Nelson Almeida/AFP

O petista afirmou que o trabalho feito por motoristas de apps tem de ser regulamentado no Brasil e que, se eleito, irá "sentar à mesa" para fazer essa discussão. O ex-presidente, no entanto, frisou que ainda não é pré-candidato. O lançamento de sua pré-candidatura ocorrerá no próximo sábado, 7 de maio.

“Esse Lula que vocês estão vendo tem mais experiência que o que ganhou a eleição (em 2002). A motivação e tesão de brigar por esse País é efetivamente a maior que já tive na minha vida”, encerrou. 

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O coro “fora Bolsonaro” pautou o evento das centrais. Além das bandeiras e camisetas vermelhas e de apoio a Lula, os participantes carregavam faixas de oposição ao governo federal. A defesa da revogação das reformas trabalhista e previdenciária também esteve presente nos discursos de políticos e lideranças sindicais. 

O pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, e o pré-candidato à Câmara pelo PSOL e liderança do MTST, Guilherme Boulos, discursaram antes de Lula, ambos com críticas à Bolsonaro. 

“Esse ano é uma encruzilhada histórica para o nosso País: são os direitos contra os privilégios, a democracia contra a barbárie. Que esse seja o último primeiro de maio com um miliciano na presidência do Brasil”, disse Boulos, responsável por costurar o apoio do PSOL à candidatura de Lula ainda no primeiro turno.

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