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Lula pede a candidato petista para não ir a evento

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de se multado pela Justiça Eleitoral por pedir voto para a candidata petista à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu não arriscar em Curitiba. Apesar de a Associação Comercial do Paraná (ACP) ter convidado os dois candidatos - Ângelo Vanhoni (PT) e Beto Richa (PSDB) -, Lula disse ter telefonado para Vanhoni pedindo para ele não comparecer. No entanto, seu vice, Nizan Pereira (PMDB), estava sentado na platéia, embora o nome não tenha sido citado em nenhum momento. "Fiquei sabendo que o Beto Richa não vinha e achei por bem ligar para o Vanhoni e pedir para ele não vir, senão ia aparecer um engraçadinho para dizer que a Associação Comercial estava fazendo a campanha de um candidato", afirmou Lula. Na entrada do prédio, no Calçadão da Rua 15, no centro da cidade, um cordão de isolamento foi formado para conter cerca de 200 militantes do PT que, empunhando bandeiras de Vanhoni, gritavam: "Lula, guerreiro do povo brasileiro". Mas o pedido ao candidato - "Vanhoni, cadê você? Eu vim aqui só prá te vê" - não foi atendido. Juros, tributos e empregos Lula foi instigado pelo presidente da ACP, Cláudio Slaviero, que reclamou das medidas econômicas do governo, pedindo redução nas taxas de juros e impostos e melhoria na infra-estrutura. O presidente respondeu, em discurso de quase uma hora, defendendo os 18 meses de mandato. Ele disse que evita falar sobre juros, "pois ela é alta ou baixa de acordo com quem toma dinheiro emprestado". Segundo Lula, a palavra-chave nessa questão é credibilidade. "E isso tem que ser construído, sem bravatas, com muita responsabilidade, com passos calculados", acentuou. "Não pode se dar ao luxo de nova fracassada." Em relação à política tributária, o presidente disse que cada pessoa tem uma na cabeça, por isso procurou reunir os 27 governadores para estabelecer um padrão mínimo e enviou a proposta ao Congresso Nacional. "Mas temos um problema na política tributária que são alguns governadores que querem continuar fazendo a guerra fiscal e não querem aprovar a reforma tributária pertinente aos Estados", criticou. "Depois das eleições deverei chamar os governadores que não querem a guerra fiscal, o governador Roberto Requião é um (ele estava presente ao evento), para que a gente possa convencer os demais para fazer uma política justa e não fiquem Estados oferecendo o que não oferecem nem ao seu povo para que uma empresa vá para o seu Estado." Ele apresentou um resumo de medidas tomadas até agora para desonerar os tributos e incentivar investimentos no País. "Certamente teremos muitas coisas ainda a fazer, muitas mudanças, possivelmente teremos muitos ajustes na questão tributária, porque o desejo de vocês, o desejo meu é fazer com que a gente arrecade sempre mais, mas não de uma minoria, arrecade muito mais de uma base infinitamente maior, que passe a pagar, porque aí a gente vai reduzir os impostos neste País", afirmou. Lula disse que, do mesmo modo que fez com as entidades representativas da indústria, deverá convocar os presidentes de associações comerciais, para que se reúnam com o governo. "O que queremos é que vocês sejam bem informados das coisas que nós fazemos e que vocês nos informem também das coisas que nós não fazemos", pediu. Apesar de no fim de seu discurso ter dito que ninguém o viu "ficar remoendo ou fazendo crítica ao outro presidente", no início ele não havia resistido a uma comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso, com a justificativa que "o povo precisa ter consciência do que eu estou falando". Segundo ele, nos primeiros 18 meses de FHC a inflação era de 30,4% e ficou em 17% nos últimos 18 meses, enquanto nos 18 meses de seu governo foi de 13%. "Significa que foi bem menor do que em qualquer período que se queira escolher nos últimos oito anos no Brasil". Na questão da cesta básica, ele disse que os 18 primeiros meses do governo passado foi de 7,23%, nos últimos 18 meses de 39%, e em seu governo de apenas 2,8%. Também citou que o aumento de energia elétrica foi de 20,35% nos primeiros 18 meses de FHC e de 40,65% nos últimos 18 meses. Em seu governo, foi de 11%. A telefonia também teria sido de 114% nos primeiros 18 meses do governo passado e de 17% em seus primeiros 18 meses. Lula também fez questão de afirmar que, de janeiro a agosto deste ano, foram criados 1,6 milhão de empregos. "É o maior índice desde 1992", afirmou.

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