O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar certo de que não terá dificuldades de diálogo, no segundo mandato, com os governadores tucanos de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves, hoje principais concorrentes ao Palácio do Planalto em 2010. O relato é do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, também do PSDB, que se encontrou na manhã desta sexta-feira, com o presidente. "Minha missão estará cumprida ao final deste mandato", teria dito Lula na audiência, acrescentando que isso facilita o entendimento político. Em entrevista ao sair da audiência, Cássio disse também que Lula revelou ter conversado com Serra e Aécio por telefone nos últimos dias. "Seria uma insanidade imaginar que um governador não dialogará com o presidente da República", afirmou Cássio, reeleito na Paraíba ao derrotar o candidato do Planalto, José Maranhão (PMDB). Cássio, no entanto, sempre foi ligado a Lula, tendo que negar inúmeras vezes a vontade de deixar o PSDB por causa da relação com o presidente. Cássio disse ter apresentado a Lula uma proposta de criação de um fundo, no âmbito da Sudene, para aliviar a dívida dos estados nordestinos. Só a Paraíba vai comprometer, neste ano, 17% do orçamento do Estado com o pagamento da dívida. A maior parte do dinheiro do fundo viria mesmo do governo federal. O governador negou que a proposta é uma tentativa de driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal. "Não é drible, a própria lei impede a repactuação de contratos", afirmou, sem dar mais detalhes. Lula não teria feito declarações em relação à proposta. "Pela semiótica do olhar, o presidente encarou (a proposta) positivamente", avaliou o governador. Na audiência, Lula disse, no entanto, que é preciso discutir a dívida dos estados e municípios. "O presidente afirmou que sua contribuição ao Brasil no segundo mandato será desobstruir os estados e municípios", disse Cássio.