O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em Madri, onde participou da 2ª Conferência Internacional ABC sobre Europa e América, promovida pelo jornal espanhol ABC, que a força das instituições democráticas transformaram Luís Inácio Lula da Silva de um líder operário em um líder político. "Longe de transformar as instituições, Lula se adaptou a elas e a população o aceitou. Ele não fala mais como um líder operário, mas como um líder político", afirmou FHC. De acordo com o jornal espanhol, o ex-presidente brasileiro expôs suas reflexões sobre a instabilidade política no sistema democrático da América Latina e fez uma análise otimista da região em relação a períodos anteriores. "A América Latina progrediu em estabilidade graças ao fortalecimento das instituições, embora algumas nações enfrentem ainda momentos complicados, como a Venezuela, justamente pela falta de confiança nas instituições", disse o ex-presidente. De acordo com ele, os problemas atuais decorrem do cansaço da população pela falta de resultados e pela desconfiança na classe política. FHC insistiu, ainda de acordo com o jornal ABC, que, no Brasil, o peso das instituições é tão forte que estas conseguiram brecar algumas propostas do governo Lula. "Pela primeira vez, um partido de esquerda venceu as eleições no Brasil. No entanto, em três meses, o governo abandonou as idéias de ruptura", disse FHC. O ex-presidente lamentou ainda que instituições internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird), não tenham sido capazes de transformar os efeitos da globalização em melhorias para os países emergentes. Por isso, disse FHC, "o mundo está diante um desafio gigantesco.