Lula não crê em candidatura única da oposição

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Por Agencia Estado
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"É muito difícil imaginar um único candidato de esquerda, até porque o mais importante partido de esquerda do Brasil hoje é o próprio Partido dos Trabalhadores, que certamente terá candidatura própria à presidência da República, mas não se oporá que os outros partidos tenham candidatos próprios", afirmou hoje o presidente do honra do PT, Luiz Inácio da Silva, durante entrevista em Botucatu, no interior de São Paulo. Ele disse achar direito que as multiplicidade de candidaturas faz parte do jogo democrático e consolida a participação política da sociedade. Para Lula, "a situação política de nos encontramos é ímpar, tendo de um lado o governo sem uma candidatura definida em todo o seu bloco de sustentação e, do outro lado, quatro candidaturas pelo menos teoricamente oposicionistas, que somam mais de 67% dos votos apurados em pesquisas". Na sua avaliação, esse quadro demonstra que "se nós (o PT) não conseguirmos fazer alianças no primeiro turno temos de ter juízo e deixar uma porta aberta para que a aliança se dê no segundo turno, pois temos condições de fazer o presidente da República e governadores nos Estados mais importantes". Outro ponto defendido pelo líder petista é a possibilidade de atrair a dissidência política que resultar depois das reacomodações partidárias, que ocorrerão até o mês de outubro. "Tem muita gente nos mais diferentes partidos políticos que não está concordando com seus candidatos ou com o apoio ao governo, e o PT terá de trabalhar isso com muito carinho" - disse. ACM Lula lembrou que entre os prováveis candidatos de oposição, Ciro Gomes (PPS) e Itamar Franco (PMDB) são dissidências do antigo esquema de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso e afirmou-se assustado ao ver "determinadas pessoas estendendo a mão para Antonio Carlos Magalhães, considerando-o oposição só porque ele fez um discurso contra o presidente FHC". Lembrado que ACM "tirou o chapéu" para ele (Lula) no programa Raul Gil, o presidente de honra do Pt comentou: "ele tinha que tirar porque sabe que nesses 20 anos de atuação eu tenho tentando ser coerente com aquilo que são os princípios do meu partido". Disse ainda que "ele tirar ou não tirar o chapéu, para mim, não acrescenta uma vírgula". E que, eleitoralmente, "eu (Lula) já ganho dele sem precisar ele tirar o chapéu, como já aconteceu em 1989, 94 e 98". Ainda sobre o ex-senador, Lula observou que "mesmo batendo muito no presidente FHC, o ACM não perde de vista a possibilidade de voltar a se aproximar do governo". Programa factível Lula diz, no entanto, que o fator determinante da eleição do próximo presidente da República, na sua opinião, não será a postura mais à esquerda ou à direita. "Vai ganhar aquele que apresentar um programa que seja factível e compreendido pela sociedade e que possa se apresentar ao eleitorado com mais objetividade, seriedade e serenidade, pois os problemas do Brasil não são poucos e nem de fáceis soluções". Lula disse que percorre as cidades governadas pelo PT para manter contato pessoal com os administradores e obter subsídios para a montagem do programa que o partido apresentará nas próximas eleições. Depois de almoçar com o prefeito Mario Ielo, ele viajou para São Carlos onde nesta sexta-feira participará do seminário da Universidade Federal de São Carlos, que servirá para o lançamento do Projeto Moradia, que prega a eliminação do déficit habitacional do país. À noite estará em Ribeirão Preto, onde um grupo de prefeitos petistas realizará um evento em favor da candidatura dele à Presidência da República.

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