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Lula lutará por reforma tributária já, diz Múcio

Assunto será discutido hoje em reunião no Planalto, afirma ministro

Por Tania Monteiro
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai insistir na tentativa de aprovar o texto básico da reforma tributária ainda este ano, ignorando advertências do governador José Serra (SP) e da oposição no Congresso, que alertaram para as dificuldades da aprovação. "A reforma tributária é emblemática para o governo e aprová-la é uma forma de combater a síndrome da crise", disse ontem o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro. O ministro informou que o assunto estará na pauta da reunião de coordenação política que será realizada hoje, no Palácio do Planalto, que discutirá, mais uma vez, os reflexos da crise financeira mundial na economia brasileira. "A crise está sob controle, com os mecanismos já adotados, mas a síndrome do pânico precisa ser combatida", ressaltou Múcio. Depois de adotar medidas pontuais para enfrentar a crise, o presidente agora se preocupa com o lado psicológico da população - e é a isso que Múcio se refere. Lula tem falando seguidamente da "síndrome da crise" e apela, em todos os seus discursos, para que a população não deixe de consumir, advertindo que, se os brasileiros, por medo, deixarem de comprar o fogão ou a geladeira, a economia não gira e aí, sim, os empregos podem ser reduzidos. MEDO DE DÍVIDAS Na semana passada, em uma reunião da Granja do Torto, Lula pediu a sindicalistas que convençam seus liderados da necessidade de continuar a consumir. Foi informado pelos líderes sindicais, no entanto, que a população está temerosa e não quer se endividar, com medo de perder o emprego. Mesmo percebendo sinais do receio da população, o governo insiste na meta de crescimento de 4% da economia em 2009 e agora se mostra esperançoso na votação da reforma tributária. Vai enfrentar as dificuldades e tentar votá-la amanhã, para aprovar o texto base da reforma, que cria o IVA federal (fusão da Cofins, do PIS e do Salário-Educação), e, se possível, unificar as alíquotas do ICMS, que passaria a ter uma legislação única, federal. Uma providência que, segundo assessores palacianos, ajudaria no combate à "síndrome da crise" seria o Banco Central seguir o movimento de outros países e reduzir a taxa básica de juros, que está em 13,75%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 9 e 10 de dezembro. O presidente do BC, Henrique Meirelles, e os demais dirigentes da instituição, no entanto, não emitiram nenhum sinal de que isso possa ocorrer. A expectativa do mercado é que o BC altere a atual taxa Selic. Por conta da postura do BC, Lula tem ouvido pedidos para tirar Meirelles do governo. O presidente do BC estaria, na opinião desses críticos, segurando o crescimento do País. O presidente, porém, continua ignorando as críticas porque se sente absolutamente seguro com a condução da política monetária. O próprio PT tem advertido o governo dos efeitos políticos da crise econômica internacional, que alimenta o discurso da oposição. Os petistas ficaram preocupados, por exemplo, com com as críticas à administração da Petrobrás, depois da revelação de que a estatal buscou um socorro de R$ 2 bilhões na Caixa Econômica Federal (CEF). O maior temor, no entanto, é em relação a uma possível queda no nível de emprego no ano que vem, o que politicamente se traduziria em dificuldades nas eleições de 2010.

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