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Lula ironiza Olavo de Carvalho: ‘Governo tem mentor que acredita que a terra é plana’

Ex-presidente critica guru do bolsonarismo e diz que o ‘astronauta’ Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia, poderia ‘desmentir’ o escritor

Por Ricardo Galhardo e Nicholas Shores
Atualização:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o escritor Olavo de Carvalho, apontado como guru do governo Jair Bolsonaro, na noite desta quarta-feira, 11, durante lançamento do livro de seus advogados de defesa no salão nobre da faculdade de direito do Largo São Francisco, em São Paulo.

Lula criticava as políticas do governo Bolsonaro quando, sem citar o escritor nominalmente, começou a falar de Olavo. “É um governo que tem como mentor intelectual um homem que acredita que a terra é plana e agora parece que vai ter um programa na TV pública”, disse o ex-presidente.

O ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Silva Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

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O escritor radicado nos EUA vai ser uma das estrelas da série “A Última Cruzada” da produtora Brasil Paralelo que promete fazer um “resgate histórico” do Brasil e será exibida pela TV Escola, do Ministério da Educação.

Em postagens nas redes sociais, Olavo disse que assistiu alguns vídeos sobre a “planicidade das superfícies aquáticas” e não conseguiu encontrar “até gora nada que os refute”.

Diante da reação favorável da plateia, Lula partiu para a galhofa. “Engraçado que é uma contradição. O mesmo tempo que o Bolsonaro tem o seu orientador intelectual que diz que a terra é plana ele tem o único astronauta brasileiro (Marcos Pontes) no governo e que poderia desmentir”, provocou o petista.

O ex-presidente participou do lançamento do livro Lawfare: uma introdução escrito pelos advogados Cristiano Zanin, Valeska Martins e Rafael Valim. Os dois primeiros são responsáveis pela defesa do ex-presidente nos processos relativos à Lava Jato.

No evento, que também teve a participação do ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates, os autores tentaram chamar atenção para o fenômeno do “lawfare” (guerra de leis, em inglês), que Zanin conceituou como o “uso estratégico do direito objetivando fins políticos, geopolíticos, militares e comerciais”, e que segundo o advogado é a base da atuação da Lava Jato contra o ex-presidente.

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Lula disse que falaria pouco por causa de limitações da voz (ele teve câncer na laringe em 2011), mas fez um discurso de 36 minutos. Na maior parte do tempo o ex-presidente acusou a imprensa e setores do Judiciário de terem feito um complô para tirar o PT do governo e impedir que ele fosse candidato em 2018. Sobraram ataques ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e à Lava Jato.

No final, o ex-presidente se voltou contra o governo Bolsonaro. “Nós agora vivemos um fascismo neste País. Impressionante”, disse Lula. “Estou com muita vontade de derrotar o fascismo neste País”.

Além de ironizar Olavo de Carvalho, o ex-presidente criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes, por “entregar o patrimônio brasileiro” e o presidente da Funarte, Roberto Alvim, por ter ofendido a atriz Fernanda Montenegro. O discurso seguiu a estratégia anunciada por Lula logo depois de deixar a prisão de forçar a polarização com Bolsonaro.

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