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Lula ironiza Justiça Eleitoral e diz que vai continuar inaugurando

'Se eu for multado vou trazer a conta para vocês?', brincou o presidente, em referência a multa tomada na semana passada

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Por Clarissa Oliveira
Atualização:

Ao mesmo tempo em que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fazia promessas típicas de campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou nesta quinta-feira, 25, o tom irônico diante da decisão da Justiça Eleitoral de multá-lo, na semana passada, por propaganda antecipada. Em um ato para a entrega de moradias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Osasco, na região metropolitana de São Paulo, Lula incitou a plateia a gritar o nome da ministra, ao dizer que ele próprio estava impedido de fazê-lo para não correr o risco de sofrer uma nova cobrança.

 

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"Eu não posso falar em nomes porque já fui multado pela Justiça Eleitoral em R$ 5 mil, porque disseram que eu falei o nome de uma pessoa", reclamou Lula, que no dia anterior já havia mencionado no discurso que estava proibido de falar no nome de quem considera ser o próximo presidente. As cerca de 500 pessoas que assistiam ao ato e até então ouviam silenciosamente entenderam o recado e começaram a gritar o nome de Dilma. "Se eu for multado vou trazer a conta para vocês. Quem é que vai pagar a minha conta? Levantem a mão, pois eu vou cobrar", brincou o presidente, que mais adiante encerrou seu fala com outro recado: "Este ano, nós vamos viajar o Brasil inteiro para inaugurar todas as coisas que estamos aprontando nesse País."

 

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Nesta quinta, o presidente voltou a ser multado pelo Tribunal Superior Eleitoral por discurso feito em janeiro. Mais tarde, na abertura do 2º Congresso de Mulheres do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, o presidente voltou a fazer referência à sua candidata. Ao fazer um mea-culpa sobre o tratamento dado às mulheres em sua época à frente do sindicato, Lula ironizou: "Era medo de perder espaço para as mulheres. Mas hoje não é meu caso. Eu até já indiquei uma."

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Em Osasco, Dilma, que discursou antes do presidente, procurou falar como candidata. Diante da plateia pouco animada, ela recorreu à promessa de construir mais moradias e creches na região. "Nós vamos continuar fazendo habitação, casas, lares aqui em Osasco para vocês", disse, arrancando alguns aplausos. "Vai ser muito importante daqui para frente - por isso o presidente mandou fazer o PAC 2 - que em locais como esse tenha creches e praças, como estamos chamando, da juventude", prosseguiu Dilma, em referência ao lançamento do programa que marcará o encerramento de sua gestão na Casa Civil.

 

Programas

 

A ministra e pré-candidata ao Planalto não perdeu a chance de exaltar as bandeiras que deverão guiar sua campanha. Além de mencionar o PAC e o PAC 2, falou do programa habitacional Minha Casa Minha Vida e do ProUni. "O povo brasileiro não está mais atrás, o povo brasileiro não está mais esperando as coisas melhorarem para ter acesso à riqueza." Em São Bernardo, ao exaltar a capacidade das mulheres em gerenciar casa e trabalho, a ministra voltou a citar os programas.

 

Lula, por sua vez, chegou a dizer que há obras habitacionais do governo em todos os municípios brasileiros. "Hoje posso dizer a vocês sem medo de errar. Não existe uma cidade do Brasil que não tenha uma obra do governo federal. Existem poucos municípios brasileiros que não tenham um projeto habitacional do governo federal", completou, incluindo na conta desde obras financiadas pela Caixa Econômica Federal com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) até o programa Minha Casa Minha Vida.

 

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Em barracos ao lado da área do evento, a Apeoesp, sindicato dos professores, levantava faixas com ataques diretos ao governador José Serra (PSDB), com quem Dilma deverá disputar a corrida presidencial deste ano. "Professores de Osasco na luta pela valorização do magistério. Fora Serra e Paulo Renato, inimigos da educação", dizia a faixa, citando também o secretário da Educação do governo paulista.

 

Durante o evento em São Bernardo, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, convidou a subir no palco a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha. "Nosso congresso acontece no momento em que uma categoria irmã, a dos professores, está em greve", disse ele. Maria Izabel sentou-se na mesa em Lula e Dilma acompanhavam os discursos, só que do lado oposto ao do presidente.

 

Obra

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Tanto Lula quanto a Prefeitura de Osasco se empenharam garantir que a obra entregue estava totalmente concluída. O ato se referia à liberação das chaves de 106 unidades, que, somadas a outros 72 apartamentos já entregues, compõem a primeira etapa do projeto de urbanização da Vila Vicentina. Foram aplicados R$ 17,7 milhões, sendo R$ 13,1 fornecidos pelo governo federal e R$ 4,6 milhões em contrapartida da prefeitura.

 

Lula apressou-se em incluir no discurso uma explicação para o fato de as unidades serem entregues sem acabamentos internos. "Esse apartamento ainda não está totalmente terminado. Porque o prefeito disse o seguinte: tem gente que pega o apartamento do azulejinho de uma cor e na semana seguinte ele tá tirando e colocando outro." As unidades são entregues, por exemplo, com blocos aparentes e ainda no contrapiso. A prefeitura justificou que o critério é contratual e foi estabelecido em conjunto com representantes dos moradores, para manter o custo da obra dentro do orçamento, sem precisar prejudicar a área do apartamento.

 

 

 

Colaborou André Mascarenhas

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