Lula faz trocas no Itamaraty e ''premia'' Viegas

Ex-ministro trocará Espanha pelo Palácio Pamphili, na Itália; haverá novos titulares em Berlim e no Vaticano

Por Denise Chrispim Marin , Tania Monteiro e BRASÍLIA
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Em uma nova ciranda nos postos do Itamaraty no exterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva premiou pela segunda vez seu ex-ministro da Defesa José Viegas, pivô de um período de tensão na área militar e de críticas veladas ao Palácio do Planalto ao deixar o governo, em novembro de 2004. Embaixador em Madri desde 2005 - o primeiro prêmio -, Viegas assumirá no começo de 2009 o Palácio Pamphili, construção do século 17 que sedia a embaixada em Roma. Para seu atual posto foi escalado o embaixador Paulo César de Oliveira Campos, que, ao longo de quase seis anos no cerimonial do Palácio do Planalto, converteu-se em um homem de confiança do casal Lula da Silva. O chanceler Celso Amorim deverá completar a sua equipe em Brasília para o período final do governo Lula. Ele decidiu chamar para a Subsecretaria de Assuntos Políticos 1, responsável pelo relacionamento com o mundo desenvolvido, a embaixadora Vera Machado, que ocupa a representação no Vaticano. O atual subsecretário, Everton Vargas, seguirá para Berlim. Ele foi o responsável pela organização da maior operação de resgate de brasileiros de uma zona de conflito no exterior - no Líbano, em agosto de 2006. Da Alemanha, o embaixador Luiz Felipe de Seixas Correa, que foi secretário-geral do Itamaraty no governo Fernando Henrique Cardoso e um dos articuladores, em 2003, da formação do G-20, assumirá a posição deixada por Vera no Vaticano. O destino do atual ocupante do Palácio Pamphili, Adhemar Bahadian, ainda é incerto. Para a chefia do cerimonial do Planalto será confirmado o ministro Marcos Rapozo, que há meses atua ao lado de Paulo César de Oliveira. ATRITOS Vinculado à ala mais à esquerda do governo eleito em 2002, em especial ao ex-ministro José Dirceu, e parceiro de longa data de Amorim e do secretário-geral das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, Viegas se tornou o primeiro ministro da Defesa de Lula. Sua gestão durou 20 meses. Entre os militares, sua presença era entendida como a supremacia de uma corporação (o Itamaraty) sobre outra (as Forças Armadas). Viegas tornou-se pivô de duas polêmicas - o uso de veículos oficiais por sua família e a reforma do imóvel funcional do Comando da Aeronáutica, que passou a ocupar. Sua demissão, entretanto, deveu-se a uma queda de braço com o então comandante do Exército, general Francisco Albuquerque. Ao deixar o ministério, o diplomata fez questão de divulgar o teor de sua carta de demissão, na qual voltou a atacar a presença persistente nas Forças Armadas do "pensamento autoritário ligado aos remanescentes da velha e anacrônica doutrina de segurança nacional, incompatível com a vigência plena da democracia".

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