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Lula explica política de gasto das donas de casa a empresários britânicos

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou, nesta quarta-feira, os empresários britânicos a voltarem a investir no Brasil, como já ocorreu no passado, afirmando que o Brasil nunca teve um período de crescimento sustentável tão prolongado e atribuindo boa parte dessa situação à maneira como seu governo está conduzindo a economia do País. "A nossa filosofia é de que a gente não brinca com economia. A nossa filosofia é que não existe mágica. Existe seriedade, existem compromissos, acordos, palavras e atitudes". "É por isso que a primeira decisão nossa foi uma decisão sábia, não aprendida em nenhuma universidade ou curso de pós-graduação em economia, mas aprendida com milhões e milhões de donas de casa, de mulheres que, vivendo do trabalho para fazer compra com o salário do marido, nunca ousaram gastar mais do que podiam. Porque sabiam que alegria falsa de um gasto desnecessário poderia significar tristeza por muitos meses ou muitos anos pela frente", afirmou. "E nós resolvemos dar à política econômica o toque da seriedade. Gastamos só o que podemos para ter um pouco de investimento". "Depois de três anos e três meses de governo, já não precisamos mais fazer discursos de promessas, mas apenas constatar o óbvio, que não aconteceu em nenhum momento da história", afirmou ainda o presidente, ao encerrar, no Hotel Hilton, na capital britânica, o Seminário Empresarial Brasil - Reino Unido. "Todos os que acompanham a economia brasileira, pelas notícias boas e más, sabem que o nosso governo tomou a decisão de não brincar com a economia e não fazer experiências, mas apenas experiências com crescimento e resultados de desenvolvimento, que precisamos para o Brasil", acrescentou. "Nunca reunimos um crescimento sustentável e duradouro de longo prazo como estamos fazendo agora. Acreditamos que, mais do que ninguém, precisamos nos consolidar, enquanto economia forte, e mostrar que somos capazes de cumprir nossos contratos, nossos acordos, e firmar novos acordos e contratos". O presidente destacou, também, a importância que seu governo atribui à educação. "Sabemos que é importante exportar carne, soja, álcool, aviões e suco de laranja", afirmou. "Mas não descansaremos enquanto não chegarmos ao ponto de exportarmos o que o Brasil tem de mais sagrado, que é a inteligência do povo brasileiro. Porque isso nos traz valor agregado, e é isso que vai nos colocar em vantagem comparativa a outros países". Ao lembrar que, depois de investir fortemente no Brasil nas décadas de 30 e 40 do século passado, os empresários britânicos "se voltaram para outros lados do mundo - embora a largura do Oceano seja a mesma", o presidente os encorajou a voltarem a investir no Brasil, a firmar parcerias com os empresários brasileiros. "Nós sabemos que não basta existir Brasil para que os empresários façam parceria", afirmou. "Não basta a eleição de um presidente para a escolha do parceiro, ou o nome de um ministro da Fazenda. O que fará o governo do Reino Unido definir novas políticas para o Brasil é a seriedade do governo brasileiro". Mercosul e União Européia "Então, quero dizer que os empresários brasileiros e o governo estão prontos, estão preparados para retomar as relações com o Reino Unido e que esta relação passa pela Rodada Doha (da OMC), "passa pelo benefício aos países mais pobres pela Rodada de Doha", afirmou. Ele ressaltou que todos têm responsabilidade sobre o empobrecimento dos países, sobretudo os africanos. Por último, ele afirmou que não há razão para que Grã-Bretanha e Brasil não voltem a ser parceiros comerciais, políticos e econômicos, como já foram em outros momentos da história. "O Brasil goza de solidez institucional, que permite enfrentar um ano como este, de eleições", afirmou. No seu discurso, Lula defendeu, também, a associação entre o Mercosul e a União Européia, que estão em negociação há alguns anos a respeito, sem chegar a um acordo. Ele disse que, com vontade política e flexibilização dos dois lados, será possível chegar a um consenso.

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