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Lula e Jobim ouvem queixas do PMDB por perda de cargos

Temer, Jucá e Henrique Eduardo Alves se reuniram com presidente

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Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e Tania Monteiro
Atualização:

Preocupado com a rebelião do PMDB, que começou a votar contra o governo no Congresso e a pedir mais cargos para apoiar a candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem à noite uma reunião de emergência com dirigentes e líderes do partido. Embora antes do encontro Lula tenha mostrado contrariedade com pressões de grupos do PMDB que exigem revisão das demissões na Infraero, diante dos peemedebistas ele apenas tentou apenas conter o mal-estar e prometeu manter o canal de diálogo aberto. Lula chamou para a conversa o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), que também comanda o PMDB, o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O ministro da Defesa, Nelson Jobim, passou rapidamente no gabinete de Lula no início da reunião e ouviu reclamações de Jucá, que teve o irmão, Oscar Jucá, e a cunhada Taciana Canavarro cortados da Infraero sem maiores explicações. "Você está querendo fazer uma reforma corporativa na empresa, só deixando nos cargos o pessoal de carreira", reclamou Jucá. Diante de Lula, Jobim argumentou que a Infraero será profissionalizada. Não foi só: disse que funcionários sem qualificação técnica serão dispensados e o corte atingirá indicados de todos os partidos, inclusive do PT. O ministro, que é do PMDB, chegou a mostrar a Lula uma lista de afilhados políticos sujeitos a demissão. Ao lado de cada nome constava quem o indicou. Monica Azambuja, ex-mulher do líder do PMDB, está nessa lista. Lula pôs panos quentes na crise anunciada para não irritar ainda mais o partido. "Isso a gente conversa na segunda-feira, Jobim", disse ele ao ministro, que deixou o gabinete em seguida. "Vamos encontrar um jeito." Antes do encontro, um deputado do PMDB disse ao Estado que o governo deveria "pensar bem" antes de demitir os indicados pelo partido. "Eu acho que o governo deveria mandar a Infraero votar aqui no plenário", ironizou. APOIO A MÚCIO O presidente também ficou surpreso ao saber que um grupo do PMDB já está de olho até mesmo na cadeira do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB), o articulador político do Planalto. Lula sabia apenas que o PT cobiça o cargo de Múcio há tempos. Na reunião de ontem, porém, os peemedebistas manifestaram apoio a Múcio. As alfinetadas no ministro partem da ala do partido ligada ao presidente do Senado, José Sarney (AP), e ao líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL). As relações pioraram após a eleição para o comando do Congresso, em 2 de fevereiro. "Para nós, o ministro Múcio é imexível", resumiu Henrique Eduardo Alves. "É o ponto de equilíbrio da base do governo. Se depender do PMDB, ele fica e muito bem onde está." Na mesma linha, Jucá procurou encerrar o assunto: "O ministro Múcio é uma figura fundamental na solução dos problemas. Ele é um parceiro e nós fizemos questão de reafirmar isso ao presidente Lula." No Senado, o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), foi em outra direção e observou que a base aliada está muito dividida. "Múcio é como um algodão entre os cristais, puxado de um lado pelo PT e, de outro, pelo PMDB", comparou ele. Com ou sem a cadeira de Múcio, o fato é que o PMDB quer um assento permanente na coordenação política do governo. Durante uma hora e meia de conversa, o presidente pediu que o PMDB se mantenha unido e não reedite episódios como os da semana passada, quando o partido se aliou ao DEM e impôs derrota ao governo na votação da medida provisória de renegociação da dívida previdenciária dos municípios.

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