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Lula e Chávez dão apoio a Morales antes de referendo na Bolívia

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Por ANA MARÍA FABBRI
Atualização:

Os presidentes do Brasil e da Venezuela reafirmaram na sexta-feira seu apoio político e econômico a Evo Morales, a pouco mais de três semanas do referendo revogatório a que o presidente boliviano se submeterá. Após formalizarem créditos conjuntos de 500 milhões de dólares para estradas que unirão o altiplano à Amazônia boliviana, Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez não economizaram elogios a Morales. "Tenho, companheiro Morales, a convicção de que a importância de sua eleição na Bolívia talvez tenha sido muito mais significativa que a eleição de um metalúrgico para presidir o Brasil", disse Lula em seu discurso na cidade amazônica de Riberalta. Em palavras de improviso ao término de seu discurso escrito, Lula pareceu dirigir-se à oposição direitista boliviana ao conclamar o respeito à vontade majoritária dos povos. "Não temos o direito de errar, não precisamos aceitar provocações, precisamos governar olhando sempre para a maioria do povo, exigindo que todos respeitem as decisões democráticas", advertiu. Lula destacou o compromisso de Morales "de buscar desenvolvimento econômico e social para o povo boliviano e sua vontade de promover a efetiva inclusão de setores historicamente excluídos", e fez votos para que a Bolívia resolva em democracia e paz os seus problemas políticos. Chávez, por sua vez, foi mais incisivo e acusou os grupos que se opõem a Morales de buscar a "desintegração" da Bolívia e de tentar derrubá-lo, como fizeram com ele há cinco anos na Venezuela. "Mas aqui está Evo demonstrando que seu compromisso com o povo da Bolívia, com a união e liberação da Bolívia é vital", disse o presidente venezuelano, que compartilha com Morales um forte discurso antiimperialista. "Aqui estamos Lula e este humilde servidor para dizer-lhes que estamos com a Bolívia, com Evo, apoiando o processo de renascimento da nova Bolívia", acrescentou Morales agradeceu tanto a ajuda econômica quanto o respaldo político e prometeu seguir os conselhos de seus visitantes de não responder às "provocações" da oposição e continuar trabalhando pela Bolívia e pela integração sul-americana. "Nossos povos nos querem ver juntos, esta presença de vocês é uma grande força...um apoio ao processo de mudança na Bolívia", afirmou. O encontro tripartite aconteceu no departamento de Beni, um dos quatro distritos em que a oposição conservadora conseguiu êxito, entre maio e junho, em referendos para aprovar estatutos de autonomia que vão no caminho oposto às mudanças da Constituição pretendidas por Morales. O opositor prefeito de Beni, Ernesto Suárez, não compareceu ao encontro. O presidente boliviano e a população local deram uma festiva acolhida a Lula e Chávez, deixando aparentemente sem efeito os anúncios de dirigentes locais sobre um boicote ao encontro dos presidentes. Morales e os executivos de oito dos nove departamentos do país se submeterão em 10 de agosto a um referendo que pode modificar o mapa político nacional, decisivo para resolver o conflito entre a nova Constituição e a busca pela autonomia. ACORDOS Antes dos discursos, os presidentes do Brasil e da Venezuela assinaram créditos de 230 e 300 milhões de dólares, respectivamente, para a construção de estradas entre La Paz e o norte da região amazônica, que faz parte de um corredor entre o Brasil e o oceano Pacífico. Esses financiamentos substituirão o programa "Conta do Milênio" que os Estados Unidos suspenderam temporariamente como consequência das disputas políticas entre La Paz e Washington. "Estes créditos já não vêm de organismos internacionais que antes os condicionavam à privatização de nossas empresas, ao saque de nossos recursos naturais, isso terminou não só na Bolívia, mas na América Latina", disse Morales. Os três presidentes assinaram declarações comprometendo-se a aprofundar sua cooperação política e econômica e proteger o equilíbrio ecológico da Amazônia. O Brasil, principal sócio comercial de Bolívia, principalmente pelas compras de gás natural que superam 1 bilhão de dólares por ano, prevê a construção de duas hidrelétricas na bacia amazônica, próximo à fronteira boliviana, as quais poderia se agregar uma terceira hidrelétrica binacional, segundo defendeu Lula. A Venezuela é um forte aliado político de Morales, a quem apóia com créditos e doações, além de dar assistência em programas de alfabetização e de saúde.

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