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Lula e Cabral estão em lados opostos nos municípios do Rio

Aliados no plano nacional, PT do presidente e PMDB do governador só estão coligados em pouco mais de 20% das cidades fluminenses

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PMDB do governador Sérgio Cabral estarão em lados opostos na maior parte das cidades do Estado do Rio. Os dois fervorosos aliados só verão seus partidos coligados em pouco mais de 20% dos 92 municípios fluminenses. Nos principais colégios eleitorais, PT e PMDB só estarão juntos em Duque de Caxias e Niterói. A divisão é desfavorável para o PT, que corre o risco de repetir o mau resultado de 2000, quando conquistou apenas uma pequena prefeitura. O presidente regional do PT, Alberto Cantalice, diz que a meta do partido é conquistar pelo menos 15 prefeituras fluminenses em outubro, melhorando a marca de dez vitórias em 2004. A mais importante delas, a que levou Lindberg Farias à Prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, está ameaçada justamente pelo PMDB. O deputado federal e ex-prefeito Nelson Bornier (PMDB-RJ) já lidera sondagens. Em Niterói, também administrada pelo PT, o partido lançou, contra a vontade do prefeito Godofredo Pinto, o deputado estadual Rodrigo Neves. O ex-prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT) já disparou nas pesquisas. Na região metropolitana, a única situação confortável para o PT é a de Arthur Messias, em Mesquita, cuja popularidade pode levá-lo com facilidade à reeleição. Outras promessas são Alcides Rolim, em Belford Roxo, e André Ceciliano, que deixou a Prefeitura de Paracambi para concorrer em Japeri. Em Volta Redonda (sul fluminense), o PMDB é o algoz do PT. A deputada Cida Diogo (PT) tem a difícil missão de derrotar Antônio Francisco Neto (PMDB), ex-prefeito reeleito em 2000 com mais de 80% dos votos. Até mesmo onde o PT apóia o PMDB, a situação não é muito favorável. Em Caxias, o prefeito peemedebista Washington Reis esforçou-se para conquistar um vice do PT. No entanto, o ex-prefeito tucano José Camilo Zito largou com grande vantagem nas pesquisas. Na capital, Cabral até ensaiou apoiar o candidato do PT, o deputado estadual Alessandro Molon, mas o deixou a ver navios ao lançar Eduardo Paes pelo PMDB. O ex-tucano já ocupa o terceiro lugar, enquanto o petista continua entre os últimos colocados. Segundo Cantalice, a relutância do PT em abrir mão de Molon para apoiar Jandira Feghali (PC do B), que aparece em segundo lugar nas sondagens, está no reflexo que a eleição na cidade do Rio tem para todo o Estado. Depois de 16 anos de hegemonia de Cesar Maia (DEM), com o prefeito fora de cena o partido quer se habilitar para o poder na capital. Com a decisão de Lula de não participar da eleição no Rio, a figura do presidente parece mais próxima do senador Marcelo Crivella (PRB), que lidera a disputa. "Molon é desconhecido e a falta de uma aliança o desfavorece ainda mais. Vemos que Lula o trata com frieza, ao contrário de Crivella, com quem é sempre caloroso. O presidente tem essa característica de gratidão aos companheiros e Crivella sempre foi um soldado disciplinado do governo no Senado", analisa o cientista político Geraldo Tadeu Monteiro, que dirige o Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS). "Acho que o PT do Rio terá muitas dificuldades nas principais cidades do Estado. Lindberg é o único nome competitivo."

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