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Lula diz que vai intensificar presença na campanha de Dilma em agosto

Durante visita à Tanzânia, presidente volta a descartar licença de cargo.

Por Pablo Uchôa
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira em Dar es Salaam, na Tanzânia, que espera intensificar sua presença na campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, a partir de agosto, quando tem início a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Lula, que falou com jornalistas ao chegar na Tanzânia, disse que a melhor ajuda que pode dar a Dilma é deixar o governo "bem". "Eu vou ajudar a Dilma com todo carinho, mas ela tem consciência de que a minha maior contribuição para ela é o governo estar bem, e por isso eu tenho de trabalhar para o governo estar bem até o dia 31 de dezembro", disse Lula. O presidente disse que, por ora, vai fazer campanha e participar de comícios "nas horas vagas" e "depois do expediente do governo". A partir de agosto, no entanto, ele disse que pretende "trabalhar e ajudar mais" na campanha. "Eu tenho uma agenda muito forte até julho, de obras, do PAC, e depois vai ficar mais cômodo para um presidente trabalhar e ajudar via telefone e via rádio. Eu posso gravar programa de rádio, programa de TV, e isso atinge muito mais gente que qualquer atividade pública." Para Lula, com os horários eleitorais na TV e no rádio será possível "conversar com a totalidade dos eleitores". "Eu pretendo ir a comício, eu adoro comício. Agora, eu vou a comício nas horas vagas, depois que terminar o meu expediente no governo, ou seja, depois das oito horas da noite, depois das seis horas, no sábado, no domingo. Mas a minha prioridade é governar o Brasil." Licença A campanha eleitoral começou oficialmente nesta terça-feira e existe uma expectativa em relação a como o presidente Lula se comportará no processo eleitoral. Segundo uma reportagem publicada pelo jornal O Globo nesta terça-feira, membros do PT cogitam a possibilidade de o presidente se licenciar do cargo em setembro para participar da campanha, dependendo do desempenho da candidata petista nas pesquisas, o que é negado pelo governo. A mesma possibilidade havia sido levantada pela imprensa no último mês de março, mas foi afastada oficialmente pelo Planalto e pelo presidente. Durante a visita a Dar es Salaam, Lula mais uma vez descartou o afastamento e afirmou que deixar a Presidência para se envolver na campanha seria "leviandade". "Se eu um dia tivesse pensado em me afastar da Presidência para fazer campanha, eu me afastaria da Presidência para ser candidato a alguma coisa. O cargo de presidente é o cargo mais importante do país. Seria leviandade a gente achar que pode abdicar de um dia de um mandato de presidente para fazer alguma coisa que seja inferior a ser presidente da República. Ou seja, eu não abdicaria disso em hipótese alguma", afirmou Lula. "Eu sou presidente da República até a meia-noite (de 31 de dezembro). Na verdade, só vou passar a faixa às 10h do dia 1º (de janeiro, data da posse do novo presidente). E até lá eu sou presidente da República. Não há nada mais importante na minha vida do que governar o Brasil até o dia 31 de dezembro." Desempenho de Dilma Lula afirmou que, há quatro meses, admitia "fazer um esforço maior" se a candidata do PT "estivesse em dificuldades". "Não é o que está acontecendo. A minha candidata está com uma performance extraordinária, eu acho que para qualquer entendedor de política ela está em uma performance acima da expectativa para o tempo de campanha, e, portanto, eu acho que cada vez mais ela vai precisar menos de mim", afirmou o presidente. A poucos meses do fim do governo, Lula diz que sua prioridade agora é concretizar políticas públicas desenhadas anteriormente, sendo a mais importante o PAC, um dos carros-chefe de seu governo e um programa fortemente identificado com Dilma Rousseff. "Nós temos de trabalhar fortemente para que as obras do PAC andem rapidamente. Essa é a prioridade. A minha prioridade é viajar o Brasil, visitar obras, inaugurar obras e, na medida do possível, fazer campanha de final de semana, eu vou fazer campanha." Lula afirmou ainda esperar que os candidatos façam uma "campanha civilizada". "Eu prezo muito a ideia de que uma campanha política deve servir para politizar a população com informações corretas, com dados corretos, para que a gente não faça uma campanha de dados rasteiros, de denúncia baixa, de coisas que não se provam nunca, mas que terminam criando uma imagem negativa sobre o processo eleitoral e o processo político." Futebol Lula também foi questionado sobre possíveis mudanças no comando da seleção brasileira de futebol após a eliminação na Copa do Mundo da África do Sul. Diante de uma pergunta sobre a necessidade de uma renovação também na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que é dirigida por Ricardo Teixeira há mais de 20 anos, Lula disse que não podia comentar o assunto porque se trata de uma entidade "particular", mas acrescentou que, no seu tempo de sindicalista, a renovação era periódica. "Eu não posso falar da CBF porque é uma entidade particular e eu não posso votar, não posso dar palpite", disse Lula. "Acho que se a CBF adotasse o que eu adotei quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, a cada oito anos a gente trocava a direção da CBF. No sindicato, a gente trocava", completou o presidente. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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