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Lula diz que povo tem de 'cobrar' obras do governo

Por Tania Monteiro
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva incentivou hoje os moradores das favelas a criarem comitês para cobrar do governo pelo andamento das obras. No discurso, fez uma cobrança indireta ao ministro da Cultura, Gilberto Gil. Por duas vezes, o presidente perguntou: "Quero saber: a casa número um da estrada da Gávea está funcionando?". "Não, está fechada", responderam os populares. "É importante que as pessoas cobrem, que a comunidade participe", completou. A casa número um citada pelo presidente foi criada em 2003 pelo ministro Gilberto Gil para funcionar como centro cultural. "Quando a gente cria um negócio desses ou a gente coloca a comunidade para tomar conta ou depois as coisas ficam abandonadas. E aí justifica o discurso de alguns políticos que dizem que não adianta fazer as coisas porque as pessoas não cuidam. Como se os pobres desse País fossem responsáveis pela desgraça do próprio País", afirmou. Lula também disse que as obras anunciadas hoje não serão apenas um protocolo de intenções. "As obras serão iniciadas já na segunda-feira", anunciou. "Essas obras para as quais estão sendo feitos investimentos não vão ser como obra de Igreja Católica, que nunca termina. Quero vir aqui em 2010 para inaugurar (as obras)." O presidente sugeriu também aos moradores da favela criarem um comitê de controle das obras. O comitê, explicou, acompanharia se as obras estiverem funcionando ou não. "Se as obras não estiverem funcionando, é para ligar para o Pezão (o vice governador do Rio, Luiz Fernando de Souza), que ele liga para a Dilma e a Dilma liga para mim, que ligo para o Sérgio Cabral (o governador do Rio) e a gente volta aqui para ver o que está acontecendo". E garantiu: "O dinheiro está em caixa para a obra acontecer". Lula voltou a dizer que as ações de seu governo não são feitas pensando em legendas partidárias. "Não queremos saber se o prefeito é do PT, do PMDB, ou se o povo torce para o Flamengo ou para o Fluminense. O povo precisa da obra e vamos atender a necessidade do povo". Lembrou ainda que o primeiro mandato foi para arrumar a casa. Mas que quer ser reconhecido como "o presidente que mais fez universidades federais, mais escolas públicas para que, depois de mim, venha um presidente com mais vontade e mais compromisso." Páginas policiais Lula afirmou que as obras que estão sendo feitas no Rio de Janeiro são para melhorar a cidade. Demonstrou sua expectativa de que o Rio saia das páginas policiais. "O Rio de Janeiro precisa sair das páginas dos jornais apenas pela criminalidade. O Rio tem muita coisa boa, mas só aparece nas páginas policiais. Quero que apareça nas primeira página pelas notícias boas." Lula prosseguiu criticando a imprensa que, segundo ele, "vem sempre com a maldita história de vender que o Rio só tem violência. Tem violência, mas isso não é tudo". E completou: "Tem que acabar o tempo de que favela era tema de música de Noel Rosa e Cartola. E de favela ser motivo de noticiário de jornal por bala perdida e mostrando gente que morreu. Quem mora fora do Rio, quem vê isso pela TV, tem medo de vir ao Rio. Quem liga a TV, inclusive no exterior, vê tanta barbaridade, que se estiver arrumando a mala para vir para a cá, desiste". Em tom de comício, Lula afirmou que "deve ter um pouco de violência no Rio como tem em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Recife e qualquer lugar desse País". Para ele, os jovens - que chamou de "meninada" - que acabam indo para o crime "são filhos de 26 anos em que o País não cresceu economicamente, não gerou empregos e não investiu. São filhos dos descasos das autoridades". Ele fez a ressalva de que "não estava defendendo bandido".

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