Lula diz que polícia 'não pode entrar batendo' nas favelas

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Por Redação
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Em discurso na favela da Rocinha, palco de constantes confrontos entre policiais e traficantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a violência policial nas favelas. A ação da polícia do Rio de Janeiro tem merecido críticas de entidades de Direitos Humanos, embora conte com apoio integral do governador do Estado, Sérgio Cabral, que estava ao lado de Lula no palanque montado na Rocinha para o lançamento das obras do PAC na favela. "Para cada um bandido, você tem 10, 15, 20 mil honestos. O que não pode é a polícia não ser educada a respeitar as pessoas. Não pode entrar batendo em todo mundo, se não vamos partir do pressuposto que todos são bandidos até que se prove o contrário", disse Lula aos moradores da Rocinha, sendo ovacionado pelo público de cerca de 500 pessoas. Em junho do ano passado, em megaoperação policial no Alemão, que Lula visitou mais cedo, 19 pessoas morreram, e moradores denunciaram abusos e execuções. Grupos de defesa dos direitos humanos cobraram a investigação das denúncias, e a Unicef condenou a violência que ameaça as crianças das favelas. "É preciso acabar com essa maldita história de que no Rio só tem violência. Tem muito trabalhador, pai de família e jovem querendo estudar", disse Lula. O presidente atribuiu a pobreza no Brasil à falta de oportunidades para as camadas mais pobres da população e chamou a atenção para os contrastes sociais em São Conrado, onde estão a favela da Rocinha e habitações de alto luxo. "Não é possível que as pessoas possam brincar em campo de golfe, onde parei meu helicóptero aqui do lado, e muitas tenham que brincar em esgoto a ceú aberto", disse Lula, referindo-se ao Gávea Golfe Clube, um dos clubes mais exclusivos da cidade, a poucos metros de uma das maiores favelas do Rio. Mais cedo, no complexo do Alemão, Lula já defendera o cuidado com os moradores das favelas, ressaltando a diferença entre os moradores dessas comunidades. "O cidadão sabe que o bandido não tem que ser tratado com pétalas de rosa, mas antes do bandido há mulheres e homens que querem viver dignamente", disse Lula no Alemão. Para o presidente, as pessoas que enveredam na criminalidade são fruto do abandono a que foram relegadas. "São filhos do Brasil que há 26 anos não tem crescimento da economia, investimento em educação. São filhos do descaso das autoridades", afirmou Lula na Rocinha. Durante a visita de Lula às favelas cariocas foram mobilizados 350 homens e 40 viaturas da Polícia Militar, que contou com o apoio da Força Nacional de Segurança. (Reportagem de Rodrigo Viga Gaier, Edição de Mair Pena Neto)

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