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Lula diz que cobrará prestação de contas de ministros

Por Eduardo Kattah
Atualização:

Ao criticar novamente os antecessores pela falta de investimentos na educação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje que seu sucessor irá se deparar com outro paradigma no País, que "não é o paradigma do nada". Em Divinópolis (MG), onde participou da inauguração de novas instalações do campus universitário Centro-Oeste Dona Lindu - em homenagem à sua mãe - da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), Lula disse que cobrará ao final de seu governo que os ministros apresentem um relatório com os acertos e os erros da gestão nas pastas. "No dia 31 de dezembro, cada ministro vai me entregar, registrado em cartório, cada coisa que foi feita, coisa certa e coisa errada, cada coisa. Cada centavo aplicado, cada tijolo, cada metro de asfalto", destacou. "Eu quero isso para quem vier depois de mim. A pessoa vai ter outro paradigma, não é o paradigma do nada", disse, arrancando gritos isolados de "Dilma" entre o público formado em sua maioria por estudantes e professores. Utilizando como metáfora a história de uma garota de 17 anos - que não conseguia ingressar em uma universidade federal em razão da enorme concorrência; era aprovada no vestibular de numa instituição particular, mas não tinha dinheiro para pagar o curso - Lula acusou os antecessores de considerar o investimento em educação como gasto e deixar milhões de jovens sem perspectivas e emprego no futuro. "Aí voltava a menina para casa, sem possibilidade de emprego e sem possibilidade de estudar. Isso mudou", disse, citando dados do ProUni e da geração de emprego durante sua gestão. Na mesma linha, o presidente comemorou a carência por engenheiros e pedreiros no País, afirmando que isso mostra que "está tendo muita obra". Mais uma vez, Lula voltou a agradecer o fato de não ter vencido as eleições em 1989 - quando poderia ter feito bobagens pela "impetuosidade" - e disse que tinha muito medo de errar no exercício da Presidência e adiar por "500 anos" a volta de um representante da classe trabalhadora ao poder. Contou que chegou a compartilhar o receio com o presidente americano Barack Obama. "Eu falei: ''Obama, você, embora seja formado em Harvard, você não pode errar porque você é negro e se você errar vai demorar muito para outro negro possa ganhar a presidência." Em Divinópolis, o presidente também participou, por meio de uma videoconferência, da inauguração do campus do Alto Paraopeba, que congrega as cidades de Ouro Branco e Congonhas. Na cerimônia, foi ainda formalizado um consórcio entre sete universidades federais localizadas nas regiões sul e sudeste de Minas. Lula também participou da entrega de 102 moradias construídas por meio do programa Minha Casa Minha Vida. Durante o evento, foi assinado contrato para a construção de mais 311 unidades habitacionais.O tucano Vladimir de Faria Azevedo, prefeito de Divinópolis, não poupou elogios ao presidente. Vaiado após ser apresentado pelo locutor oficial, Azevedo disse que recebia Lula com braços abertos e tapete vermelho e lembrou que o último presidente que visitou a cidade de maneira institucional foi Juscelino Kubitschek. "A biografia do senhor está à frente de qualquer coloração política", afirmou. "Sou do PSDB e vou ter o maior prazer de te receber aqui em Divinópolis."

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