Lula diz que ameaça ambiental de etanol é mito

A opinião do presidente foi publicada na edição desta sexta do Washington Post

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Por Agencia Estado
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Em artigo assinado nesta sexta-feira, 30, no diário Washington Post, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a parceria Brasil-Estados Unidos para produção de etanol, e diz que o dilema entre biocombustíveis e preservação ambiental é um "mito". "É um primeiro passo importante no sentido de comprometer nossos países a desenvolver fontes de energia limpas e renováveis (garantindo) a proteção ambiental", afirma Lula. O artigo é publicado um dia antes da visita que Lula fará ao seu colega americano, George W. Bush, em Camp David, e um dia depois de o líder cubano Fidel Castro ter criticado a iniciativa no jornal oficial do Partido Comunista cubano, Granma. Lula disse que a parceria "é uma receita para aumentar a renda, criando empregos e reduzindo a pobreza entre os vários países em desenvolvimento onde colheitas de biomassa são abundantes". "Essas fontes alternativas (de energia) ajudam a reduzir a dependência global em relativamente poucos países fornecedores." Aludindo à intenção dos dois presidentes de anunciar investimentos para produção de etanol no Haiti, Lula acrescentou que "o acordo entre o Brasil e os Estados Unidos permite a diversificação da produção de biocombustíveis através de alianças triangulares em países terceiros". O presidente brasileiro aproveitou o espaço para criticar os subsídios agrícolas americanos: "o etanol, e depois, o biodiesel só se tornarão commodities globais se o comércio de biocombustíveis não for obstruído por políticas protecionistas", escreveu. ´Mito´ Lula rejeitou a tese de que a produção de cana-de-açúcar para uso em biocombustíveis ameaça as florestas tropicais, afirmando que se trata de um "mito". "O solo amazônico é altamente inapropriado para o plantio da cana-de-açúcar. Além do mais, no contexto do compromisso inabalável do Brasil com a proteção ambiental, o desflorestamento caiu 52% nos últimos anos", justificou. No artigo, o presidente brasileiro rejeita ainda a acusação - feita por críticos como os presidentes venezuelano, Hugo Chávez, e cubano, Fidel Castro - de que as plantações de cana-de-açúcar para fabricação de etanol impedirão a criação de alimentos que poderiam ser utilizados no combate à fome. "Menos de um quinto dos 340 milhões de terras aráveis do Brasil é utilizado para colheitas. Apenas 1%, ou 3 milhões de hectares, é usado para cana-de-açúcar para etanol", escreveu Lula. "Em contraste, 200 milhões de hectares são pastagens, onde a produção de cana está começando a se expandir. O desafio real de prover segurança alimentar está em superar a pobreza dos que regularmente têm fome." Mas o presidente brasileiro disse que as condições de trabalho dos plantadores de cana, normalmente bóias-frias, precisam ser melhoradas no Brasil. "A agricultura provê não apenas alimento, mas uma maneira de vida para milhões de pequenos produtores em todo o mundo." "A disseminação da cana-de-açúcar, soja e outras colheitas de oleaginosas para uso em biocombustíveis vai assegurar que as famílias em necessidade tenha os meios financeiros para se sustentar." Na quinta-feira, a produção de etanol foi criticada pelo presidente cubano, Fidel Castro, em artigo no jornal oficial cubano. Nele, Fidel afirma que 3 milhões de pessoas serão "condenadas à morte prematura por fome e sede no mundo". include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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