Lula diz a intelectuais que quer dar continuidade a programas

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Por Redação
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Em reunião de três horas com um grupo de 40 intelectuais com tendência de esquerda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou preocupação com sua sucessão, em particular com a continuidade dos programas implantados em seu governo. De seu lado, os professores evitaram dizer que tenham feito críticas, apenas "cobranças". Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), que se manifestou sobre o caso Varig, e Fernando Haddad (Educação) participaram do encontro. "Uma questão que preocupa muito o presidente é o que ficará deste governo de dois mandatos em termos de uma nova forma de fazer política e de recuperação do papel do Estado", disse a jornalistas Maria Vitória Benevides, cientista política da USP, após o encontro. Ela explicou que governo quer ver enraizadas no Estado as políticas públicas, que se transformem em ações do país e não de um governo, para evitar que em uma eventual nova gestão "sejam varridas, com é de hábito na política brasileira". "A preocupação é avançar no que vem sendo feito até agora, que as políticas se transformem em políticas de Estado e que não possam ser arrasadas em um governo futuro, seja em 2010 seja mais adiante", completou. A professora da USP deu como exemplos o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as ações na infra-estrutura e os programas de expansão na educação --exatamente as áreas dos ministros Dilma e Haddad. Mesmo ressalvando que o tema da sucessão não foi central na conversa, o cientista político Emir Sader elogiou a ministra da Casa Civil. "Dilma representa a cara do governo que mais dá certo. Mesmo que o Lula não a projetasse, ela estaria projetada pela realização não apenas do PAC, mas também por sua trajetória e capacidade administrativa", disse. A ministra retomou na conversa a idéia de transparência do negócio da Varig, rechaçou pressões e disse que a venda foi toda acompanhada pela Justiça. Lula voltou a dizer que acusações contra Dilma decorrem de sua pré-candidatura à sucessão do presidente. Lula foi cobrado para a realização da reforma política, mas disse que o Executivo não pode tomar iniciativa neste sentido, que deve vir da sociedade e dos partidos. Afirmou ainda que gostaria que o PT assumisse posição mais agressiva na reforma. Em relação à alta da inflação, Lula garantiu que o governo não tomará atitudes precipitadas e que aumentar a taxa de juros é a última coisa a fazer, mas considera todas as hipóteses porque tem consciência que as conquistas sociais estão em jogo na medida em que os salários dos trabalhadores estão sendo afetados pela alta de preços. Foi mencionada ainda a possibilidade de utilizar os royalties gerados pela Petrobras na exploração de petróleo para criar um fundo voltado à educação. O convite para o encontro partiu do presidente e ficou acertado que Lula terá reuniões semelhantes em suas viagens. Em 2003, primeiro ano de Lula, houve encontro similar. (Reportagem de Carmen Munari)

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