Lula deve se retratar, reclamam ministros do STF

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Por Agencia Estado
Atualização:

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) disseram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria se retratar publicamente das declarações que fez nesta terça-feira em Vitória, de que é necessário abrir a caixa-preta do Judiciário, pois teria atingido a credibilidade das instituições. "A declaração do presidente foi infeliz e acho que ele está devendo uma explicação à sociedade", disse o ministro Carlos Velloso, ex-presidente do STF. Segundo Velloso, há casos de desvios no Judiciário que estão sendo rigorosamente investigados. "A generalização é uma injustiça", afirmou o ministro. "O Judiciário é o poder mais aberto, as suas decisões são públicas e fiscalizadas pelo Ministério Público e pelos advogados", acrescentou. O presidente do STF, Marco Aurélio Mello, afirmou que não se pode presumir que os integrantes do Judiciário sejam "salafrários": "Precisamos de um controle, mas que não afaste o predicado maior da magistratura, a independência", disse. O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Francisco Fausto, não admite a participação de integrantes de outros Poderes em um eventual órgão de fiscalização do Judiciário. "Só admitiremos a participação de representantes do Legislativo e do Executivo se o Judiciário puder exercer um controle externo sobre a Presidência da República e sobre o Congresso Nacional", disse, acrescentando que um controle externo atingiria a independência do Poder. O presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Cláudio Baldino Maciel, disse que a "magistratura brasileira supõe que as palavras desrespeitosas proferidas pelo senhor presidente da República tenham decorrido de excesso cometido no calor de um improviso público". O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou nota se solidarizando com o Judiciário. "Generalizações desse tipo (caixa-preta), além de injustas, não contribuem para o avanço das discussões em torno de uma reforma há muito esperada pela sociedade", afirmou o presidente da entidade, Rubens Approbato Machado, completando que a OAB é a favor do controle externo.

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