Lula descarta reconduzir Silas Rondeau ao ministério

Ex-ministro renunciou após ser acusado de receber propina da construtora Gautama

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Por Redação
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou nesta terça-feira, 10, um recado ao PMDB, ao afirmar que não pretende reconduzir o ex-ministro Silas Rondeau (PMDB) ao Ministério das Minas e Energia, como pretendem os peemedebistas. Depois de visitar pela primeira vez o Centro Experimental de Aramar, mantido pela Marinha em Iperó, a 130 quilômetros de São Paulo, o presidente foi questionado sobre se tinha intenção de reconduzir o peemedebista à Esplanada dos Ministérios. "Não, não", limitou-se a dizer. Após a negativa, o presidente disse ter achado engraçado ser questionado sobre o mesmo tema em sua recente visita a Bruxelas. E ironizou: "Engraçado, estava em Bruxelas e fiquei imaginando quem era o poderoso que estava indicando os ministros por mim". Apesar da afirmação de que não pretende ter Silas Rondeau na equipe de colaboradores próximos, Lula ponderou: "O Silas foi injustiçado", numa referência às acusações levantadas pela Polícia Federal na Operação Navalha, de que o ex-ministro teria recebido R$ 100 mil em propina da empreiteira Gautama. O presidente Lula disse ainda que o processo de investigação está em andamento e que é preciso aguardar para se tirar as conclusões. Depois do escândalo envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os peemedebistas começaram a pressionar o presidente da República pela volta de Silas Rondeau ao ministério. Neste embate, a Polícia Federal já garantiu que não pretende interromper as investigações e continua sustentando a linha deflagrada no início da Operação Navalha, que aponta o envolvimento de Rondeau na máfia das licitações. A partir de escutas telefônicas de conversas entre o empresário Zuleido Veras, dono da Gautama, com o lobista Sérgio Sá e Ivo de Almeida Costa, assessor especial de Silas, a PF seguiu o rastro do dinheiro desde o saque, em 9 de março passado, até a entrega no Ministério, quatro dias depois, pela diretora da empresa, Maria de Fátima Palmeira. Para a PF, as provas são suficientes para que o ex-ministro seja indiciado, mas a condução das investigações cabe ao Ministério Público e à Justiça. Rondeau tem a seu favor um laudo feito pelo perito Ricardo Molina, professor da Universidade de Campinas (Unicamp) , que contesta a versão da PF. Segundo Molina, o envelope que o ex-assessor aparece carregando em imagens de circuito interno do ministério não poderia conter os R$ 100 mil, uma vez que o volume de tal quantia seria visível. Ainda de acordo com o documento produzido pelo perito, o ex-assessor carrega uma folha de papel, e não um envelope com tantas cédulas. Texto atualizado às 14h26

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