Lula desafia oposição e retoma tour com Dilma

Ritmo de campanha marca nova viagem de presidente e pré-candidata a MG, maior colégio eleitoral do país

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Por Redação
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Num discurso de quase 40 minutos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu nesta quarta-feira, 21, em Belo Horizonte, às críticas que a oposição vem fazendo desde sua viagem para visitar obras do Rio São Francisco, na semana passada.

 

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"Agora desgraçou tudo, porque agora os homens estão ficando nervosos porque nós estamos inaugurando obra", afirmou ele. "É a primeira vez na minha vida que eu vejo homem ficar nervoso porque estão inaugurando obra, eu, quando fazia oposição, ficava nervoso porque não tinha obra."

 

Irônico, o presidente deixou um recado para a oposição. "Calma, calma, que nós ainda nem começamos a inaugurar o que nós temos de inaugurar neste país." Segundo ele, ainda há muito coisa para acontecer até o fim de seu mandato.

 

Lula não fez nenhuma alusão à posição do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que defendeu que a Justiça Eleitoral investigue as viagens que o presidente tem feito acompanhado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Mas defendeu as viagens em vários momentos do discurso.

 

Ele reconheceu que seus ministros têm viajado muito, mas salientou que eles não estão fazendo turismo. Estão, segundo o presidente, percorrendo o País porque há muito trabalho para ser feito fora de Brasília. Segundo ele, antigamente não tinha, por isso os ministros não precisavam viajar.

 

"Ficava todo mundo em Brasília vendo o tempo passar." Nesta quarta, acompanhavam o presidente, além de Dilma, outros cinco ministros: Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social, Hélio Costa, das Telecomunicações, Fernando Haddad, da Saúde, Márcio Fortes, das Cidades, e Luiz Dulci, da Secretaria Geral.

 

Gilmar Mendes

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Também, nesta quarta-feira, o presidente do STF, Gilmar Mendes, esquivou-se de alimentar a polêmica sobre campanha eleitoral fora de época. Para ele, houve um debate salutar que "está encerrado". Ao abrir o 71º Congresso Internacional de Criminologia, em Belém (PA), Mendes disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dará "bom encaminhamento à questão". E negou "qualquer polêmica" entre ele e Lula. "O presidente deve ter sido orientado por seus assessores a entender que isso era legal, mas quem vai examinar o caso não sou eu, é a Justiça Eleitoral."

 

Mais cedo, no lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento das Cidades Históricas, em Ouro Preto, Lula foi mais econômico no discurso. Ao lado do governador de Minas Gerais e pré-candidato do PSDB à sucessão, Aécio Neves, o presidente limitou-se a parabenizar Dilma pelo programa.

 

"Quero agradecer à ministra Dilma por ter escutado os pedidos das cidades históricas e ter colocado as reivindicações delas no PAC", disse Lula, em discurso breve, preocupado em chegar a tempo do evento de Belo Horizonte. "Recuperar o patrimônio histórico é preservar a memória do Brasil."

 

Ainda assim, um palanque de quase 100 metros quadrados foi montado na cidade histórica.

 

'Da mesma laia'

 

Diante de uma plateia visivelmente petista, formada em grande parte por funcionários da prefeitura de Belo Horizonte, Lula disse estar consciente de que será cobrado como nenhum outro presidente do Brasil já foi cobrado. "Qualquer outro presidente da República, se não fizesse nada, ninguém cobrava, porque são tudo da mesma laia", declarou.

 

"Mas quando chega um metalúrgico na Presidência da República, se ele não dá certo, colocam um cangalha no pescoço dele e a classe trabalhadora nunca mais iria eleger um presidente da República", completou.

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Embora, na agenda oficial, o evento na prefeitura de Belo Horizonte fosse para a inauguração oficial do programa Cidade Digital, o governo federal aproveitou para fazer a propaganda do programa habitacional "Minha Casa, Minha vida".

 

Antes da fala do ministro Hélio Costa, sobre o plano de inclusão digital para as cidades, quem discursou foi a ministra Dilma Rousseff, tratada como candidata pela plateia. Três construtoras mineiras foram chamadas para assinatura de contratos com a Caixa Econômica Federal (CEF).

 

Com informações de Ivana Moreira e Rodrigo Brancatelli, de O Estado de s.Paulo

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