Lula deixará excesso de gastos e déficit externo, diz Aécio

Senador eleito por Minas Gerais participa de entrega de prêmio em São Paulo junto com o presidente e sua sucessora

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Por Anne Warth e SÃO PAULO
Atualização:

O senador eleito por Minas Gerais e ex-governador Aécio Neves (PSDB) admitiu nesta quarta-feira, 15, que o governo Luiz Inácio Lula da Silva obteve avanços em alguns setores, mas disse que Lula deve deixar para a presidente eleita, Dilma Rousseff, problemas como excesso de gastos públicos e déficit nas contas externas. Ao chegar à cerimônia de entrega do prêmio "Os Brasileiros do Ano", organizado pela Editora Três, em São Paulo, ele considerou justa a homenagem que Lula receberá na noite desta quarta-feira, 15, ao ser escolhido o "Brasileiro da Década", mas defendeu que governos anteriores também sejam reconhecidos pelo sucesso de políticas adotadas nos últimos anos.

 

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Dilma também será agraciada com o prêmio "Brasileira do Ano". Estão presentes ainda o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, o vice-presidente eleito, deputado federal Michel Temer (PMDB-SP) e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

 

"O Brasil de hoje é uma construção de muitos governos e muitos grupos políticos que, desde a redemocratização, vêm colocando tijolo sobre tijolo nessa construção", afirmou o ex-governador, que também será homenageado como "Brasileiro do Ano da Política". "Acho que o Brasil teve muitos avanços, mas o Brasil não foi descoberto em 2003", ironizou.

 

Aécio citou especificamente o lançamento do Plano Real e a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal como exemplos de decisões que ajudaram a modernizar o País - ambas tomadas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Acho que é justo que se faça homenagem a este período (atual), mas é justo também homenagear aqueles que criaram condições para que o período do presidente Lula fosse um período de avanço".

 

Aécio voltou a defender a refundação do PSDB por meio da atualização do programa do partido e a inserção tucana em movimentos sociais e setores sindicais. "Temos de buscar o retorno das nossas origens social-democratas e de um partido de centro-esquerda com experiência administrativa", disse. "Quando falo em refundar, que é uma expressão dura, falo de olhar para o futuro. O programa do PSDB foi concebido, em sua essência, há 22 anos, quando o desafio era a inflação. Os desafios hoje são outros".

 

O senador eleito evitou criticar a aprovação no Congresso de um aumento salarial para equiparar os salários de deputados, senadores, presidente e vice-presidente aos dos ministros do Supremo Tribunal federal (STF), de R$ 26.723,13. "No meu tempo como dirigente na Câmara, em que tinha responsabilidade como parlamentar, tive sempre muita cautela com os aumentos", afirmou. "É sempre importante que se tenha muita cautela quando se fala em aumento para autoridades. Fui governador de Minas por oito anos e, quando assumi, o salário do governador era de R$ 19 mil. Quando terminei o governo, era de R$ 10,5 mil", acrescentou.

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