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Lula critica ex-presidentes que dão palestra por dinheiro

Por Tania Monteiro
Atualização:

Sem citar nomes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma crítica hoje, na posse do novo presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Renato Maluf, aos presidentes da República que não gostam de ir a conferências quando estão no cargo. "Só antes ou depois, para ganhar dinheiro", alfinetou. A declaração de Lula foi interpretada por fontes como uma crítica velada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, desde que deixou o cargo, vem ganhando dinheiro com palestras. "Presidente não gosta de conferência, a não ser antes ou depois, como vida profissional, para ganhar dinheiro fazendo conferência. Mas participar de conferência para ouvir o que alguns acham que é desaforo, quando na verdade é desabafo, assistir conferência para ouvir gente falar mal do governo, quando o bom é ouvir falar bem, não é o normal", disse. Cobrança Lula fez uma cobrança ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, sobre a presença dos integrantes do Consea na solenidade. Dos 19 ministros que integram o conselho, apenas dois - Patrus Ananias e Guilheme Cassel, do Desenvolvimento Regional - estavam presentes. "Eu pedi ao Patrus e quero saber a lista das pessoas do governo que estão no Consea e não comparecem. Não é possível que o ministro não venha, nem o secretário executivo, e que cada vez apareça uma pessoa diferente. Isso não funciona", disse. Lula aproveitou para fazer uma comparação futebolística: "Parece o Corinthians. É só ver como está o time, que não tem coordenação, que não consegue funcionar. Não tem time que consegue ganhar assim." Programas O presidente Lula comemorou os avanços na economia. "Não estamos mais nos tempos de vacas magras." Ele afirmou que o momento agora é de "consertar as coisas", referindo-se, por exemplo, à importância dos projetos sociais do governo, inclusive o Bolsa-Família. Ele rechaçou as críticas de que o programa não tem porta de saída. Para ele, a porta de saída desses programas sociais vem com crescimento econômico, emprego e distribuição de renda. Lula lembrou que o Bolsa-Família recebeu muitas críticas quando foi criado, sendo chamado de assistencialista. "E freqüentemente perguntavam pela porta de saída: as pessoas não tinham nem entrada. Como é que podiam sair?", indagou. Ele acrescentou que "não tem pressa" para suspender os benefícios. "Quando se planta uma coisinha, um dia ela vai crescer e vai aparecer." Lula comentou que as mudanças têm acontecido mais lentamente do que a pressa das pessoas e que o trabalho do governo é medido pelo mandato. "O que é importante é a gente construir organizações que perpassem os mandatos", ressaltou.

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