Ao se defender hoje das críticas que tem sofrido por causa do envio de soldados brasileiros ao Haiti, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou atacando a forma de atuar das tropas norte-americanas. "Eu sei que tem gente que faz crítica, mas a verdade é que se nós não estivéssemos lá, lá estariam os militares americanos, fazendo o que jamais os militares brasileiros vão fazer, porque a orientação é que nós não iremos cumprir nenhum papel de polícia". Lula citou a questão do Haiti ao presidir a cerimônia de posse do ministro da Defesa, José Alencar, no Palácio do Planalto. Ele acrescentou ainda que os soldados brasileiros estão no Haiti para "tentar manter a paz até que aquele país possa, no próximo ano, convocar eleições e ter um presidente, um governo legitimamente eleito pelo voto direto". O discurso do presidente tem uma linha de raciocínio muito clara: a determinação do governo brasileiro de ocupar espaços em campos complicados como o do Haiti, para manter a sua política de reivindicar um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). "A nossa presença no Haiti é a demonstração de que o Brasil não perderá uma oportunidade sequer", declarou. "Os nossos soldados retornarão ao Brasil porque certamente teremos muito trabalho para eles aqui dentro".